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Aramis

Uma obra premiada

Já na denominação está todo um programa, pois "Grips" significa no dialeto alemão, o que significa "cuca" na gíria brasileira, ou seja, cabeça inteligente e espírito crítico, e é justamente isso que Volker Ludwig, chefe do mais renomado teatro infantil da Alemanha, quer atingir junto ao seu pequeno grande público. Nos últimos anos o Teatro Infantil de Berlim trouxe uma acentuação nova em um metier aparentemente negligenciado e apático. As peças que Volker Ludwig escreve sozinho ou em equipe ficam sempre próximas e diretas ao cotidiano. Aqui não se admite uma fuga para o conto de fadas, para o mundo sonhador de ilusões, que os adultos gostam tanto de inventar, quando escrevem para as crianças. Os temas de "Grips" são também temas para o público adulto; esses temas não são abordados de uma forma insípida e teórica, mas sempre com muito gosto e vivência de causa. Isso, por sua parte não raras vezes provoca espanto nos adultos: quem se criou numa época, em que a obediência, e a autoridade eram o primeiro dever cívico já na casa paterna, nem sempre consegue esconder o seu espanto - e por certo muitas vezes também, o seu descontentamento. Pois esse teatro infantil dá sugestões cênicas para uma desobediência, sadia contra uma autoridade falsa: com prazer na representação e nas canções são colocados em movimento os pensamentos e reflexões. Assim, por exemplo, na peça "Trummi kaputt" se explica o relacionamento tenso por tradição entre pais e filhos, mostrando-se também aos mais jovens que afinal os pais têm as preocupações, procurando-se despertar maior compreensão para as mesmas. Em "Mannomann" é testada a [emancipação] na escola e no pátio, e "Ein Fest fur Papadakis" é uma peça para a compreensão dos habitantes da República Federal da Alemanha e os trabalhadores estrangeiros, uma temática como ainda não se conseguirá realizar com tanto êxito em teatro para adulto. A forma do teatro infantil tal como é feita pelo pessoal do "Grips" é exemplar não apenas para a Alemanha. As peças que são apresentadas em Berlim há quase 10 anos foram traduzidas até agora para 17 idiomas, línguas tão estranhas como o industão, singalês, indonésio; além disso, em eslovaco, servo-croático, retroromânico, finlandês, húngaro (para a minoria húngara na Iugoslávia), grego e três dialetos da Suíça. Da peça-fantasia em torno do "Mugnog" criou-se na Iugoslávia o "Schmrko" na Grécia o "Mormoloi" e na Itália o "Il Puttiputti". Da exclamação berlinense muito típica de "Mannomann" se fez na Escandinávia a expressão "Dioioi" e da expressão igualmente berlinense "Doff bleibt doof" os austríacos fizeram "Bled belibt bled". E, finalmente nos EUA as crianças riem, não propriamente sobre as travessuras dos moleques berlinenses Balle, Malle, Hupe e Arthur, mas sim com Bizzy, Dizzy, Daffy e Arthur. O interesse no exterior pelo "Modelo berlinense! De um novo teatro infantil é muito grande: universidades, por exemplo, a de Oran, na Algéria, podem material sobre a forma de trabalho dos berlinenses. E gente de teatro de todos os países do mundo vem a Berlim para apreciar esse trabalho e levar experiências para suas pátrias. O conjunto "Grips" já se apresentou com as suas peças na Suíça, Áustria, Luxemburgo, Itália e Holanda. Para este verão europeu Volker Ludwig tem um convite para o Brasil, onde apresentará suas experiências e fará sugestões para encenações locais. LEGENDA FOTO 1 : Wolfgang Kolneder LEGENDA FOTO 2 : Volker Ludwig
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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11/07/1976

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