Vamos ouvir O Terço
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de outubro de 1975
Em 1972, quando Marcos Valle fêz uma temporada no Paiol, um dos destaques, foi o grupo que o acompanhava: O Terço. Lançado em 1969, um ano após os Mutantes, o Terço, em seu início (Jorge Amidem, Vinicíus Cantuária, César das [Mercês] e Sérgio Hinds) foi considerado uma espécie de versão carioca do grupo paulista, como há 2 semanas, registrou o jornalista Tarik de Souza ("Veja", 24/9/75). De "Tributo ao Sorriso", no Festival Internacional da Canção, aos festivais de Juiz de Fora, o grupo se destacava por usar a triviola (uma guitarra de três braços, fabricada por Amidem) e seus vocais harmoniosos, próximos ao folk. Em seis anos, O Terço, experimentou diferentes caminhos, mas sempre de forma consciente: seu primeiro [elepê] saiu pela Philips, o segundo, creio que pela Continental, não teve maior promoção e, agora, com uma nova formação - Hinds (guitarra), [Sérgio] Magrão (baixo), Flávio Alterosas (teclados) e Luis Moreno (bateria), O Terço mostra o seu trabalho mais sólido: "Criaturas da Noite" (Copacabana, COLP 12009, setembro/75).
Pelo cuidado de produção a nível de criatividade instrumental, cremos que este seja com um trabalho personalíssimo, sem as macaquices que caracterizam tantos elétricos sucedâneos do que de menos importante há no eixo EUA-Inglaterra. Embora não se afaste uma influência ao estilo Pink Floyd/Emerson Lake & Palmer/Rick Wakmenan, desde o trabalho d'O Terço, há de se louvar o bom nível musical de seus integrantes e que se há admiração pelo menos é de gente competente. Embora isoladas, as diversas faixas formam uma sequência com unidade, inteligente e racional - coisa rara em músicas de roque tupiniquim. Faixas: "Hey Amigo" ([César] de Mercês), "Queimada" (Flávio Venturini/[César] de Mercês), "Pano de Fundo" ([Sérgio] Magrão)/[César] de Mercês), "Ponto Final" (Luiz Moreno), "Volta Na Próxima Semana" ([Sérgio] Hinds), "Criatura da Noite" (Flávio Venturini/Luiz Carlos Sá) "Jogo das Pedras" (Flávio Venturini/[César] de Mercês) e "1974", de Flávio Venturini, a mais longa das faixas. Os arranjos para a orquestra que participou desta gravação foram elaborados pelo maestro Roberto Duprat e na faixa "Ponto Final" houve a colaboração da cantora Marisa Fossa.
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