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Aramis

THE WINNER IS...

Dos cinco filmes que amanhã à noite concorrem ao Oscar, ao menos um já está em exibição na cidade: "Os Gritos do Silêncio" (The Killing Fields), no Cine Astor desde quinta-feira, 21. Também o trabalho que valeu a Woody Allen uma nova indicação ao Oscar de melhor diretor já pode ser visto (por poucos espectadores, infelizmente) - "Broadway Danny Rose", exibido no mesmo cinema na semana passada. Já vimos também as atuações de Albert Finney em "Sombra do Vulcão" candidato ao Oscar de melhor ator; Glen Close ("Um Homem Fora de Série"), Geraldine Page ("Nos Calcanhares da Máfia") e Ralph Richardson ("Greinstock, A Lenda de Tarzan") Noriyuki Morita ("A Hora da Verdade"), candidatos aos Oscar de melhor atriz coadjuvante/ator coadjuvante, respectivamente. Um processo em comum de todos estes filmes que trouxeram trabalhos agora galardoados com a indicação ao troféu máximo da indústria cinematográfica: passaram desapercebidamente nos cinemas e, com exceção de "A Lenda de Tarzan", não tiveram sequer uma segunda semana de exibição. Prova, mais uma vez, de que o grande público só passa a se ligar nos filmes indicados ao Oscar após a festa transmitida mundialmente pela televisão - e que desde 1969 é acompanhada também no Brasil. No Rio/São Paulo, três dos cinco filmes que concorrem a categoria maior estão em exibição: "Um lugar no Coração", de Robert Benton - "Os Gritos no Silêncio", de Roland Joffé - ambos com sete indicações cada e "A História do Soldado", de Norman Jewison. "Passagem para a Índia" - o grande favorito, com 11 indicações, estréia no rio e São Paulo amanhã e, em Curitiba, será lançado no cine Condor, ainda sem data marcada. Outro favorito, também com onze indicações - "Amadeus", de Milos Forman, não teve ainda seus direitos negociados para o Brasil. Álvaro Pacheco, da Artenova (o bilionário distribuidor de "Império dos Sentidos" e "O Dia Seguinte") não se encorajou até agora a investir os Cr$ 500 milhões exigidos pelos produtores para que o filme chegue as telas do Brasil. O Grande Negócio Que o Oscar é um excelente negócio comercial ninguém discute. Acima do dourado artístico que recobre o boneco desenhado pelo diretor de arte Cedric Gibbons, em maio de 1927, o mesmo é um totem que pode aumentar milhares de vezes a bilheteria de um filme e, principalmente, valorizar profissionalmente aos técnicos e, especialmente, intérpretes que conseguem uma nomination. E como ao longo de 56 ininterruptos anos a escolha dos premiados tem sofrido críticas por omissão e injustiças na premiação final, desde alguns anos a Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood passou a instituir uma série de troféus especiais - acrescentados aos já existentes. Desta forma, pouco antes de morrer, Charles Chaplin voltou a Los Angeles para receber um Oscar especial - talvez na mais emocionante das cerimônias já realizadas no Dorothy Chandler Pavillion - ele que, ao longo de sua carreira, jamais recebeu um Oscar. Como Orson Welles, que em 1941, com "Cidadão Kane" - embora indicado - perdeu para o lacrimogênico "Como Era Verde o Meu Vale" (How Green Was My Valley), de John Ford. Mas minimizar o Oscar - como fazem muitos radicais - é também errado. Afinal, descontados erros e acertos, não se pode deixar de reconhecer que os mais de 5 mil membros da Academia, que participam das várias etapas da votação, se esforçam para acertar. De milhares de filmes exibidos na chamada "L. A. Are" - ou seja, os cinemas da grande Los Angeles, entre produções nacionais e estrangeiras, são feitas as indicações (cinco em cada categoria) aos melhores, num universo que se restringe a, no mínimo, 30 títulos, já que há um natural acúmulo de preferências. O que não significa que um filme premiado como o melhor do ano, traga também a premiação ao seu diretor, roteirista ou intérpretes igualmente indicados. História A Academia de Artes Cênicas Cinematográficas de Hollywood foi fundada em maio de 1927 por 37 pessoas ligadas ao cinema - 6 diretores (entre os quais Cecil B. De Mille, Raoul Walsh e Frank Lloyd), onze produtores executivos, sete intérpretes e seis roteiristas, que escolheram o ator Douglas Fairbanks (1883-1939) como seu primeiro presidente. Uma semana depois, num almoço no Baltimore Hotel em que se reuniram 300 membros da indústria cinematográfica, o poderoso produtor Louis B. Mayer (1885-1957) propôs que fossem instituídos prêmios anuais aos melhores do cinema. Na mesma hora, Cedric Gibbons (1895-1960), diretor-de-arte, fez o esboço de uma estatueta que simbolizaria o prêmio e que seria moldado pelo escultor George Stanley. Para a primeira votação, se consideraram os filmes completados até 31 de julho de 1928 - e a votação só se concluiu em janeiro de 1929. Divulgados em fevereiro, somente a 16 de maio de 1929, num banquete no Hollywood Roosevelt Hotel, com a presença de 250 pessoas, aconteceu a entrega dos primeiros Oscars - referente assim ao período de 1927/28: "Asas" (Wings), melhor filme; Frank Borzage, melhor diretor por "Sétimo Céu" e Lewis Milestone, melhor diretor de comédia por "Two Arabian Nights"; melhor atriz: Janet Gaynor (por "Sétimo Céu", "Sunrise" e "Street Angel"); melhor ator: Emil Jannings ("The Way of All Flesh", "The Last Sunrise"); roteiro adaptado: Benjamin Glazer ("Sétimo Céu"); roteiro original: Ben Hecht ("Underworld"); fotografia: Charles Rosher/Karl Struss ("Sunrise"). Além dos prêmios especiais de qualidade artística ("Sunrise"), direção artística (William Cameron Menzies), efeitos especiais ("Asas"), já haviam dois Oscars especiais: um a Warner pela produção do primeiro filme falado - "O Canto de Jazz" e outro, ironicamente, a Charles Chaplin, por sua versatilidade como diretor, roteirista e ator de "O Circo". E nos 55 anos que se seguiram, o Oscar fez história. Deixou de ser uma festa restrita a banquetes para ganhar maiores espaços, ser transmitido pelo rádio e depois televisão. Categorias foram acrescidas ou suprimidas e através de suas longas listas é possível sentir a própria história do cinema americano. Hoje, a festa de entrega do Oscar é um dos espetáculos mais bem produzidos para a televisão - com a participação de inúmeros artistas, produtores, diretores, cantores etc; reunidos num dos mais sofisticados espaços de Los Angeles - o Dorothy Chandler Pavillion. A emoção, entretanto, é idêntica a dos artistas que há 30 ou 40 anos, já aguardavam, ansiosamente, que os envelopes (cuidadosamente mantidos em segredo) fossem abertos e os apresentadores anunciassem as palavras mágicas: ... The winner is... LEGENDA FOTO 1 - Vanessa Redgrave: premiada já como melhor atriz coadjuvante por "Júlia" (1977), concorre agora ao Oscar de melhor atriz principal por "The Bostonians". LEGENDA FOTO 2 - Ambientado nos anos 40 e abordando o racismo, "A História de um Soldado" valeu indicação aos Oscars de melhor filme e direção (Norman Jewison). Ainda não tem data marcada para estrear em Curitiba. LEGENDA FOTO 3 - Woody Allen: candidato ao Oscar de melhor diretor por "Broadway Danny Rose", exibido na semana passada em Curitiba. LEGENDA FOTO 4 - Sam Waterstone é candidato ao Oscar de melhor ator por "Os Gritos do Silêncio", primeiro dos cinco filmes indicados ao troféu, que já está em exibição no Cine Astor. LEGENDA FOTO 5 - Peggy Ashcroft (na foto, com James Fox) é candidato ao Oscar de melhor atriz por sua interpretação em "Passagem para a Índia", que em Curitiba será lançado no Cine Condor, dentro de algumas semanas. LEGENDA FOTO 6 - Sally Field, que há 4 anos já ganhou um Oscar (por "Norma Rae") concorre a novo troféu por "Um Lugar no Coração".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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24/03/1985

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