Zé faz filmes em Super 8 para os alemães assistirem
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1974
Um dos raros homens da cidade que, nos últimos 12 anos, têm se esforçado, idealisticamente, em favor da difusão da cultura cinematográfica no Paraná, o cineasta José Augusto Iwersen, diretor do Stúdio 8, acaba de merecer uma justa comprovação de seu talento como realizador de documentários em super 8 - bitola na qual, em termos profissionais, é o pioneiro entre nós. Três filmes sobre a Cidade Industrial foram realizados por Iwersen em menos de duas semanas, com narrações em inglês e alemão, que, neste momento, estão sendo projetados para os mais importantes industriais e homens da administração da República Federal da Alemanha. O trabalho cinematográfico de Iwersen, apesar da [premência] do tempo, entusiasmou ao presidente da URBS, engenheiro Cassio Tanigushi, que já lhe encomendou mais alguns curta-metragens - que terão gravações em vários outros idiomas (espanhol, japonês, francês), para, exibidos em diversos países, auxiliarem nas exposições verbais feitos por técnicos e autoridades, sobre as potencialidades econômicas oferecidas pelo Paraná - em especial Cuitiba, na fixação de novas indústrias.
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Fundador do Cine Clube Pró-Arte, quando ainda era secundarista no Colégio Santa Maria, José Augusto Iwersen criaria, em 1965, o primeiro cinema de arte de Curitiba - o Riviera, graças ao qual vieram a nossa cidade festivais e ciclos de cinema, com filmes malditos que, de outra forma, nunca teriam sido mostrados aos nossos espectadores. Sem nunca ter recorrido [às] entidades oficiais para suas promoções - ao contrário, financiando mesmo, de seus [próprios] recursos, edições de livros e publicações diversas, Iwersen só cerrou as portas de seu cinema de arte, há 5 anos, quando não teve mais condições de mantê-lo - vítima da estrutura comercial dos grandes circuitos de exibição. Sem abandonar o cinema, após uma experiência difícil no setor de distribuição de filmes nacionais, criou há alguns meses o Studio-8, para um aproveitamento profissional e inteligente das imensas possibilidades do cinema em super-8. Após seu primeiro documentário, "O Homem de Caranguejo", premiado no Festival Nacional de Super 8, Zé Augusto prepara-se agora para novas realizações - fazendo em termos coerentes e honestos - real trabalho em favor da cinematografia paranaense.
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