Futebol $/A (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de junho de 1974
O futebol brasileiro nos últimos anos, como lembrou a revista "Banas" da semana passada, na análise de cinco páginas que dedicou a "Pelé: de craque à empresário", passou a movimentar um gigantesco repertório de interesses, envolvendo emissoras de televisão, patrocinadores, fábricas de aparelhos de TV e de material esportivo, a indústria de construção civil, não faltando, também, pronunciamentos políticos, numa desesperada tentativa de capitalizar êxitos, ganhar votos ou reivindicar para a sua cidade a construção de estádio. Os salários se inflacionaram. Em 1972, o craque Gérson Nunes faturava Cr$ 18 mil; Rivelino, Cr$ 30 mil e Pelé cerca de Cr$ 950 mil anuais - somente com o futebol. A compra e venda de jogadores movimenta somas astronômicas. Em 1971, Paulo César foi vendido pelo Botafogo ao Flamengo por Cr$ 1.550 mil, mais o passe de Nei e de Brito. No ano seguinte, Gérson saiu do São Paulo para o Fluminense por Cr$ 1.800 mil, mais o ponta Wilson (Cr$ 400 mil). E Tostão transferiu-se para o Vasco da Gama pela quantia de Cr$ 3.500 mil. Segundo o IBGE, das 5.301.517 pessoas que trabalhavam em São Paulo, em 1971, somente 199.701 delas ganhavam acima de Cr$ 1 mil. Na mesma época, entre 25 jogadores contratados em cada clube de São Paulo, o salário médio atingia Cr$ 4.600,00. Os clubes, na sua maioria com estruturas superadas, participam deste espetáculo milionário despendendo quantias fabulosas na compra e no salário de jogadores, muitas vezes superiores às suas possibilidades financeiras. Um exemplo lembrado pela "Banas" é a folha de pagamento dos onze principais clubes de São Paulo, em 1971, que acusava uma despesa anual de Cr$ 111.115.720, o equivalente a uma indústria com mais de mil empregados.
LEGENDA FOTO 1 - Gérson
LEGENDA FOTO 2 - Rivelino
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