Login do usuário

Aramis

Amelinha e Sula nos caminhos das canções

Curiosos os caminhos das cantoras desta década. Desaparecem os regionalismos e confundem-se os sotaques em linguagens específicas numa integração nacional. Por exemplo: Amelinha, pernambucana, uma das tantas "cearenses bem sucedidas" na leva que Fagner impulsionou no vira dos anos 70, é hoje uma cantora urbanizada, que sem esquecer a riqueza sonora do Nordeste assume, entretanto, um enfoque basicamente romântico, como prova neste seu sexto elepê ("Caminho do Sol", CBS). Já uma cantora de raízes rurais, descoberta e incentivada por José Rico (da dupla com Milionário), em seu primeiro elepê ("Presença de Deus", Chantecler) mostra méritos que a credenciam para tentar saltos maiores em termos de repertório e público - não se restringindo apenas ao universo rural/ urbano - como, aparentemente, pode parecer. Ex-mulher de Zé Ramalho da Paraíba, trocando Fortaleza pelo Rio de Janeiro, Amelinha é hoje uma cantora em escalada qualitativa. De elepê para elepê a partir de "Flor da Paisagem", se esmera no repertório, busca uma efetividade sonora que se contradiz, inclusive, a agressividade de seu amigo e produtor, Fagner - que dividiu com Marcelo Falcão a produção deste seu novo elepê. A beleza da voz de Amelinha pode sentir-se em canções inspiradas como "Cantiga do Pantanal" (Petrucio Maia), uma das mais belas músicas que conhecemos este ano, na terna "Solidão de Amigos" (Jessé) ou na já conhecida "Capricho" (Sueli Costa-Abel Silva), sem dúvida pontos altos deste disco em que os arranjos foram basicamente de Reinaldo Arias - mas que teve também colaborações do tecladista Luiz Avelar, Ivan Paulo e o próprio Fagner. "Além da importante contribuição de Wagner Tiso, no arranjo de cordas para "Capricho". Uma Amelinha romântica e suave, "dizendo" músicas de "feeling" como "Pressentimento" (Beto Fae/Fausto Nilo), 'Águas em Outro Mar" (Caio Silvio), "Um Dia de Amor" (Francisco Casaverde/ Nito) e, especialmente, "Chuva e Sol", com uma tremenda declaração de amor: "Não me teve a mal então/ Se eu abrir meu coração/ Pra dizer/ que ainda gosto tanto de você". Mas a maior prova de que Amelinha cortou as raízes que a amarravam como "intérprete nordestina" está a descontraída interpretação que deu à faixa mais esfusiante do disco: "Samba Enredo Para Um Grande Amor", de Luiz Carlos da Vila. Compositor de samba-de-enredo que vem sendo requisitadíssimo pelas estrelas da canção, desde que Simone passou a incluir este gênero em seus elepês. SULA, UMA PROMESSA Sula Mazurega é uma jovem de bela face, olhar meigo e que está saindo com seu primeiro elepê. Descoberta por Zé Rico, com raízes na música rurbana, mostra, entretanto, pique que a podem catipultuar para vôos maiores. Neste seu primeiro elepê, produção modesta e comercial, valoriza um repertório limitado que lhe foi entregue - e também revela seu lado de compositora em "Busca Imensa", parceria com Sergio Mazurega - autor de outra faixa "O Sucessor", com a curiosa "Pedágio do Amor" (Tião do Carro/ José Caetano Erba). Uma cantora que merece ser anotada, pois poderá surpreender no futuro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
38
22/09/1985

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br