Bukowski, com muita anarquia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de setembro de 1985
Marco Ferreri (Milão, 1928) sempre foi um cineasta incômodo. Agressivo e genial, alcançou a fama com a apoteose da escatologia no cinema em "A Comilança" (La Grande Bouffe). Antes havia feito filmes como "O Leito Conjugal", "La Donna Scimia", "Dellinger Está Morto" e até um ambientado no Vaticano ("A Audiência", ainda inédito no Brasil).
Em 1981 encontrou um autor que se identifica ao seu estilo debochado, grosso e agressivo: Charles Bukowski, o bêbado, marginal, trumbiqueiro escritor que a Brasiliense transformou em best-seller ("Cartas na Rua", "Mulheres" etc).
Quando "Crônica do Amor Louco" (Contes de la Folie Ordinaire) foi exibido no Brasil, há três anos, Bukowski ainda não havia se transformado em escritor da moda. Agora, a garotada "intelectual" que vem consumindo seus livros por certo fará com que as sessões do Cinema l permaneçam lotadas.
Distribuída pela antiga Gaumont - que, pelo visto, começa a liberar seus filmes mais antigos - "Crônica do Amor Louco" é um filme estranho, desagradável mas fascinante em sua visão de um mundo marginal. Um ótimo ator (o americano Bem Gazzara, favorito dos filmes de Cassavetes) e três atrizes européias (a bela Ornella Mutti, mais Susan Tyrrel e Tanya Lopert) estão no elenco. Fotografia de Tonino Delli Colli e música do ótimo Philippe Sarde, herdeiro de Jarre e Legrand, na tradição dos grandes compositores franceses para o cinema.
LEGENDA FOTO 1 - Ornela Mutti e Ben Gazarra no filme de Bukowski
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