Artigo em 03.09.1985
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de setembro de 1985
Sivuca (Severino Dias de Oliveira), 55 anos, acordeonista e compositor, e Glorinha Gadelha, cantora e compositora, deram um exemplo de solidariedade aos músicos que os acompanham. Ao chegar a Curitiba, na última quinta-feira, ficaram chocados com mais uma (das muitas) grosseria da Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte: só um apartamento para o casal havia sido reservado no Hotel Elo. Os músicos deveriam ficar no Hotel Califórnia. Resultado: irritados, Sivuca e Glorinha foram também para o Hotel Califórnia, cujos apartamentos são tão incômodos que tiveram de ficar separados, já que era impossível o casal ocupar o mesmo apartamento. Não houve a menor atenção para com Sivuca, Glorinha e os demais músicos, que saíram decepcionados com Curitiba. "Não com o público, mas com a infra-estrutura local", explicaram.
Encerrado o Projeto Pixinguinha, a conclusão é unânime: a Secretaria da Cultura, que deveria ter oferecido a infra-estrutura, conseguiu que a promoção da Funarte resultasse no maior fracasso. Um amplo relatório, com todas as denúncias, já foi elaborado e deverá chegar até às mãos do ministro Aloisio Pimenta, da Cultura.
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Antonio de Jesus Pfeil, 41 anos, cineasta gaúcho, agora também na diretoria da Fundação Cultural de Canoas, município no qual reside, veio a Curitiba na semana passada, para estabelecer contatos com a Fundação Cultural. Curtametragista que anualmente comparece ao festival de cinema de Gramados, sempre com trabalhos polêmicos e criativos (este ano apresentou um filme-montagem intitulado "O Último Reduto de Minha Virgindade"), Jesus está agora preparando novo filme: será assistente de José Quiintans (cineasta lusitano radicado em Porto Alegre) , na comédia "O Doce Sangue do Vampiro". O roteiro conta com a colaboração de Fernando Coni Campos (diretor de "O Mágico e o Delegado"). A produção será modesta mas três nomes nacionais aceitaram participar na base da cooperativa: Anselmo Duarte, José Lewgoy e Nuno Leal Maia. As filmagens iniciam em fins de setembro e talvez o filme fique pronto para concorrer no Festival de Gramado em março de 1986.
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Gunther Schotts, editor de música que há 5 anos tenta desenvolver, a partir de Curitiba, a ação da representação latino-americana da mais antiga casa editora da Europa (pertencente a sua família), está sempre atento a eventos musicais. Ainda agora acertou, em colaboração com a Fundação Cultural, a realização de um curso internacional de alta interpretação e técnica em violino e viola, que o professor Max Rostal virá orientar na Sala Scabi, entre 2 e 6 de dezembro. O mesmo Schotts está também procurando divulgar, entre as orquestras e instrumentistas eruditos no Brasil, a obra de Sir Michael Tippett, 80 anos, autor de uma produção imensa mas pouquíssimo conhecida entre nós. "Aliás, são muitos os grandes nomes que o Brasil ainda desconhece", comenta Gunther, que como editor desses autores se preocupa com a limitação do repertório de música erudita em nosso Pais.
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Ronaldo Viana Soares , 47 anos, engenheiro civil da turma de 1965 da Universidade Federal do Paraná e professor do Curso de Engenharia Florestal da UFP, é o único brasileiro com Curso de Doutorado em Prevenção e Combate a Incêndios Florestais. Professor da Cadeira de Proteção das Florestas, Ronaldo passou a ser procurado pela imprensa nacional nos últimos dias em face dos incêndios que se sucederam na Serra do Mar. Atencioso e bem informado, Ronald não esconde as críticas à falta de equipamento do Corpo de Bombeiros, que não dispõe de material apropriado ao combate das chamas em lugares íngremes. "E são equipamentos relativamente baratos", explica o professor Soares, lembrando, por exemplo, os abafadores e extintores costais, que podem ajudar muito no combate às chamas. Ronald Viana Soares estudou na Washington Univerty, entre 1974 e 77, graduando-se numa especialidade na qual não há outro mestre universitário no Brasil.
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Josil Caron dos Anjos, violinista e ex-secretário executivo da Pró- Música de Curitiba, só gosta de se apresentar em ocasiões muito especiais. "Tem que haver clima e identidade com os outros músicos", explica. Agora, entretanto, está fazendo apresentações regulares, integrando o mais novo grupo musical da cidade - O Luzes da Ribalta, formado pela pianista Vanju (Evangelina Strutte) e pelo organista Marino Pereira, que se apresenta, nos fins-de-semana, na Churrascaria Chaplin, "local diferente mas que tem público entusiasta da boa música". Vanju era a líder do conjunto Arco-Íris, composto de um grupo de senhoras que se dedicam à música e que há mais de um ano fazem apresentações de sucesso no restaurante "Ponto de Encontro", do ator Roberto Menghini, no Teatro de Classe.
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Carlos Chaiben, jovem empresário artístico, está tão entusiamado com a necessidade de uma profissionalização cada vez maior nesse pantanoso setor, que pretende participar de l Encontro Nacional de Empresários Artísticos e Produtores Musicais, a partir de amanhã, no Plaza Copacabana Hotel, no Rio. Promovido pela Associação Brasileira de Empresários e Produtores de Espetáculos Musicais, o encontro vai discutir, entre outros assuntos, um anteprojeto para regulamentação da profissão de empresário de espetáculos artísticos. A própria entidade é a maior interessada em eliminar os picaretas do setor.
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