Bananarama e Afrodite, as gatas que (en)cantam
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de maio de 1989
É uma simples coincidência, mas não deixa de ser curiosa: no mesmo mês (abril), a Polygram colocou nas lojas dois elepês com trios vocais femininos que buscam na irreverência e modernismo o seu público. De um lado, as belas gatas do Bananarama ("The Greatest Hits Collection"), que em menos de três anos no mercado já conquistou seu público, com uma forma suave de interpretações, emplacando muitos êxitos como uma nova leitura de "Help", um dos mais conhecidos êxitos de Lennon / McCartney - que inspirou até o segundo longa-metragem dos Beatles.
De outro lado, temos o segundo disco da "Afrodite se Quiser", também um trio de gatas manhosas, sensuais, que buscam um espaço na música jovem - um pouco na linha que Rita Lee pode deixar, se a roqueira paulista abandonar, como vem anunciando, a raia. É claro que entre as ingênuas composições de Gisela Zingoni e Emilinha - duas das "Afrodites" - e Rita Lee, há um longo rio e mesmo (tentando) parecer excitantes, como em "Papai e Mamãe", não passam de ginasianas. Seria melhor que as meninas buscassem um repertório mais sólido, pois composições como "Eu Não Vou" são de uma pobreza franciscana. Gisela, que aparece como compositora, substituiu a Patrícia, que fazia parte do trio até o ano passado, quando as "Afrodites" apareceram com duas músicas leves e que alguns entenderam como "irreverentes a questão da posição da mulher numa sociedade machista" - "O que Ela Tem que Eu não Tenho?", ou "Peito e Bumbum". Agora, em duas músicas, fazem referências aos gays, mas sem ataques, é claro, pois sabem da força desta minoria (que não é tão minoria assim) - "Vida Ferida" (Gisela / Karla Sabah), e "Já Tá Pegando Mal" (Gisela / Emilinha). Versões também entraram no repertório ("Só Você", "Tudo ou Nada"). Os arranjos são ajustadinhos e as meninas agradam ao menos visualmente. Podem funcionar bastante em shows ao vivo. Com graça e malícia!
LEGENDA FOTO - Afrodite se Quiser: gatas que rosnam sensualmente.
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