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Aramis

Banerjo, o que já foi cruzado contra o fumo

Pena que no debate com os candidatos ao governo do Paraná, ninguém tivesse se lembrado de perguntar a posição de cada um em relação aos males que o fumo causa e se os mesmos estariam dispostos a aprofundar a campanha contra as multinacionais do tabaco, a exemplo do que, em seu governo, Ney Braga fez - apoiando o genro e secretário de Saúde, Oscar Alves, na quixotesca guerra ao fumo. Isto porque, ao menos um dos candidatos que no dia 15 de novembro buscam o Palácio Iguaçu já deu, no passado, provas de que o cigarro deve ser combatido com unhas e dentes em nome da saúde. E isto numa época em que poucos se atreviam a falar mal do cigarro. xxx Este candidato é Banerjo Branco, o idealista representante do Partido Humanista que, em seus verdes anos quando habitava o país da juventude, fazia teatro em companhia de Rogério Dellê, numa época em que os amadores é que mantinham acesa a chama da arte entre nós. Enquanto Rogério Dellê - que foi um dos bons atores do Paraná, além de competente crítico teatral - encenava um monólogo intitulado "Dos Males que o Fumo Causa", do escritor russo Anton Pavlovitch Tchekhow (Taganrog, 1860 - Badenweiller, 1904), Banerjo Branco fazia, após a peça, palestras sobre o tema. Bom orador, polemizava a questão e procurava despertar o público para diferentes aspectos do problema. Banerjo não ficava só nas palavras. Na Curitiba dos anos 50, quando as técnicas do hipnotismo eram massificadas em termos de meio auxiliar para vários problemas, também desenvolvia uma curiosa proposta de fazer com que os viciados na nicotina deixassem de fumar em questão de horas. Na época, Paulino do Nascimento, integrante da equipe de O Estado, chegou até a fazer uma reportagem a respeito e recorda: "Fiquei impressionado com o poder de persuasão de Banerjo". xxx Memória bem humorada do jornalismo, rádio e teatro dos anos 50 - o qual acompanhava como repórter, tendo sido um dos fundadores da Associação dos Cronistas de Teatro do Paraná, P.A. do Nascimento tem boas estórias de Banerjo e de suas tentativas em diferentes campos empresariais - com maior ou menor sucesso. Depois de ter experimentado várias profissões, o hoje candidato do PH ao Palácio Iguaçu acabou ganhando o cargo de oficial de justiça, o que veio a lhe garantir uma aposentadoria tranqüila - e dar condições de dedicar tempo para uma campanha idealista, integrando um partido simbólico como é o Humanista. xxx Um detalhe que P.A. do Nascimento recorda em relação aos tempos da Curitiba provinciana, na qual dezenas de grupos amadores buscavam os poucos espaços artísticos: existia não só um público fiel, como uma preocupação de jovens intelectuais em desenvolverem um trabalho crítico nas páginas dos jornais da época. Tanto é que René Dotti ("Diário do Paraná"), Nelson Faria de Barros ("O Estado do Paraná"), Rogério Dellê ("Gazeta do Povo") e o próprio Paulino ("O Dia") chegaram a fundar uma associação de cronistas teatrais. Hoje, com toda a pretensão profissional de teatro, inexiste uma crítica teatral local - o que faz falta para a elevação do nível de nossa vida artística.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
16/10/1986

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