Caipiras no bang-bang
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de setembro de 1976
Ao se propor uma revisão da música rural brasileira é necessário se ter conscienciade que os meios de comunicação, as informações tecnológicas, o comportamento a integração nacional via Embratel modificou substancialmente aquilo que os nossos compositores do Interior do Brasil faziam há 20 ou 30 anos , para o que ocorre nestes dias . Assim , hoje os chamados "artistas sertanejos" usam camisas da "Yale University", preferem os cabelos compridos ao palheiro e não dispensam até a capanga , a calça de bico fino ou a tanga. Das centenas de duplas rurais , poucas são as que mantém características de autoridade, preferindo a maioria integrar-se a sociedade de consumo , não só na adaptação de seus temas , como no próprio comportamento - roupas, trajes, etc. A dupla Léo Canhoto e Robertinho é uma prova destes novos tempos da musica rural . Já com uma dezena de elepes gravados na RCA Victor, procuram mostrar em todos uma imagem de heróis , como que saídos de um bang- bang feijão - com - farinha, do Interior. "Rock Bravo Chegou Para Matar", "Buck Sarampo", "O Homem Mau", "O Valentão da Rua Aurora", "Amazonas Kid", "No Bang Bang", são títulos de alguns dos discos da dupla, em todos eles aparecendo com armas na mão , como em cenas de filme de bang - bang. Em um destes discos ("Amazonas Kid") , há uma capa das mais sintomicas e ilustrativas desta tendência de aculturação urbano-rural: Robertinho pilotando uma motocicleta incrementada e Léo Canhoto sobre um subdesenvolvido jegue . "O Homem da Cruz" (RCA Canden, 106.0083, agosto/ 76) , é o primeiro disco em que a dupla procura uma nova imagem : ao invés de revolveres, na capa aparecem apenas os dois jovens, camisas cheias de renda e um deles, com óculos rayban - como aqueles que se usavam há 18 anos passados. Cabelos encaracolados . Todas as musicas são de Leão Canhoto, em algumas admitindo parceiros.
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