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Aramis

Cantores/Compositores (IV)

A Companhia Industrial de Discos, decidiu reaproveitar o seu acervo de música nacional criando uma série intitulada "Talento Brasileiro", iniciando com três lançamentos: Codó, Abel Ferreira e Moreira da Silva. Sobre este último, um registro (Antonio) Moreira da Silva (Rio, 1º de abril de 1902), 46 anos de atividades profissionais, ex-motorista de ambulância, homem vindo das camadas mais humildes da população, tornou-se, historicamente, o introdutor do chamado "samba-de-breque", ou seja, o estilo de interromper a música com uma parada súbita. Da grande geração de "malandros cariocas", Moreira da Silva, aos 75 anos, continua forte, bem humorado, resistindo, como mostrou, há algumas semanas em Curitiba, dividindo com Jards Macalé (seu legítimo sucessor, no estilo "samba-de-breque") um dos melhores espetáculos do Projeto Pixinguinha. Com uma imensa discografia, grande parte da Odeon (que mantém seus elepes em catálogo), uma das últimas gravações de Moreira, foi o registro ao vivo, de um show, que fez no pequeno Teatro da Galeria, no Flamengo, RJ, editado pela CID, em 1973. E é esta fita que constitui, basicamente o lp "Moreira da Silva e o Samba de Breque" (CID 4035, outubro/77), documento indispensável a quem se interessa por esse trabalho. Com graça, seu estilo personalíssimo e animado pelos aplausos, Moreira interpreta sucessos que consagrou, onde convive o documento social (e este aspecto faz com que o samba-de-breque, mereça, no futuro, um estudo de profundidade) e o bom humor. Uma reedição das mais válidas. Faixas: "O Novo Rico", "Lapa na Década de Trinta", "Sambista de Consultório", "Rei do Cangaço", "Que Malandro Sou Eu", "Petição", "E Não Sou Baiano", "Na Subida do Morro" (sem dúvida a música mais conhecida), "Dormi no Molhado", "Doralice", "Adeus", "Aquele Retrato Lindo", "Implorar", "Abre a Janela", "Até Amanhã", "É Bom Parar" e "Que Samba Bom". Há mais de cinco anos o baterista Mutinho (Lupicinio Rodrigues Sobrinho, 35 anos), ao lado de Azeitona, no baixo, acompanhou a dupla Toquinho e Vinícius, em suas apresentações no Brasil e Exterior, inclusive participando de gravações feitas na Itália. Sobrinho querido - e uma espécie de herdeiro musical do grande Lupicinio Rodrigues (1914-1974), Mutinho até há pouco havia tido apenas algumas canções gravadas em discos instrumentais, que não aconteceram. Mas, no ano passado, o amigo Toquinho o levou a RGE, onde, junto com Marco Galvão, produziu seu primeiro compacto, uma mostra mais do que estimulante do estilo deste instrumentista, compositor e cantor de razoável voz, autor das quatro belas faixas aqui incluídas: "Meu Panamá", que é mais uma homenagem musical ao poeta Vinícius de Moraes, nascida durante uma das muitas viagens; "Minha Morena", "Moça Bonita" e "Oi Lá", esta parceria com Toquinho, que também participa da gravação. Um compacto duplo (RGE, 302.0064, junho/77), que merece ser adquirido: é o primeiro registro vocal de um moço de talento, excelente pessoal de quem muito ouviremos falar (e cantar) no futuro, temos certeza!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
27
20/11/1977

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