Mário x Expressos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de novembro de 1977
O vereador Mário Celso é realmente um homem que não tem papas na língua e, muitas vezes, levado mais pela emoção do que pela razão, acaba sendo notícia de primeira página. Depois de ter encaminhado sugestão ao Papa para que as mulheres sejam admitidas no sacerdócio e proposto o nome de Elvis Presley - ídolo de sua geração - para uma avenida em Curitiba, na semana passada solicitou, na Câmara, pura e simplesmente a extinção dos ônibus expressos. Ao longo de 6 laudas datilografadas, o líder do MDB lembrou os inconvenientes do sistema e concluiu de que o mesmo não está trazendo vantagens aos usuários, ao comércio, ao trânsito, etc. e termina (com a( indagação: "Quem está sendo realmente beneficiado ?"
Desde que foi implantado, em sua primeira linha, há 4 anos, na administração Jayme Lerner, como uma solução para ao transporte de massa a custo relativo, o ônibus expresso tem dividido as opiniões. Pouco a pouco a população vai modificando seus hábitos e integrando-se ao novo sistema, que, como toda inovação, exige, é claro, uma reestruturação na forma de utilização.
Entretanto, agora Mário Celso, radialista, um dos mais jovens vereadores, decidiu pegar o pião na unha e, sem temer o ridículo, propor oficialmente que a Prefeitura abandone um projeto onde já foram investidos vários milhões de cruzeiros. E foi mais longe: sugeriu mesmo que o presidente Ernesto Geisel, que amanhã estará em Curitiba, deixe de inaugurá-lo, "já que a população está descontente".
A sinceridade é uma virtude admirável. E Mário Celso, por menor compreendido que o seja, apenas testemunhou, de público, a opinião que é de muitos. Certo ou errado, cumpriu a função para a qual foi eleito. E, com isso, não decepcionou muitos de seus eleitores.
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