Grupos Vocais
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de novembro de 1977
Os irmãos Karen e Richard Carpenter se tornaram conhecidos e admirados pela harmonia, suavidade e mesmo um certo romantismo de suas gravações. Richard, pianista, cantor, compositor e sua irmã, Karin, voz belíssima, baterista, criaram nestes últimos anos alguns elepes antológicos, com ao menos uma faixa antológica - "Flat Baroque", "Passage" (A & M/Odeon, 2205, outubro/77) é de fato, o álbum mais diferente que os Carpenters já gravaram. Não pode ser comparado a nada já feito pela dupla, em termos de produção, material, estilo e arranjos. Repleto de material contemporâneo e contando com a participação de alguns músicos de rock e até clássicos (membros de Los Angeles Philharmonic), "Passage" mostra uma passagem dos Carpenters para uma nova fase. A chave de tudo é a seleção musical do lp. Além das baladas como "I Just Fall In Love Again" e "Two Sides", Karen e Richard apresentam duas faixas de virtuosidade vocal - "Don't Cry For Me Argentina", da ópera rock "Evitan e (esta antecedida, inclusive, de um diálogo de opera rock) e "Calling Ocuppants On Interplanetary Craft", Odisséia especial mística do grupo canadense Klaatu (promovido, inicialmente, como se fossem os Beatles). Ambas as músicas são apoiadas pelos membros da L.A. Phillarmonic, banda de rock e coro completa. Karen demonstra perfeição técnica, calor e sentimento, podendo torná-las sucessos inesquecíveis. Evidência adicional da versatilidade do membro feminino da dupla é um tema de Harry Belafonte, "Man Smart", "Bwana", "She No Home", "Sweet" Sweet Simile" e "All You Get From Love Is A Love Song" completam o álbum, de ótima qualidade.
Se os Carpenters - Karin e Richard, passam do melódico quase romântico a novas propostas, com requinte e bom gosto, uma série de duplas, na linha mais eletrificada, com discos na praça. Para quem imaginava, como no passado, vozes masculinas e femininas em suaves duetos - como nos tempos de Janette MacDonald e Nelson Eddy, estas novas duplas surpreendem. Donny & Marie ("New Season", Polydor/Phonogram, 239245, junho/77) Leon e Mary Russel. ("Make Love To The Music", Warner/WEA, 36.039, outubro/77) e Marilyn Mc Coo e Billy Davis jr. ("The Two Of Us", ABC Records continental/Phonodisc, 6-26-701-074, outubro/77) trazem um som da pesada, com músicas incrementadas para o público jovem. Leon e Mary Russel restringem o seu repertório a composições do próprio Leon, enquanto que Donny & Marye preferem composições de autores mais suaves, como os irmãos Osmond, produtores deste album, no qual colaborou também Mike Curbb.
Não só as duplas ficam no som jovem, pesado. Um novo trio, Emotions, formado por Pamela, Wanda e Sheila ("Rejoice", CBS, 138026, outubro/77), também apelam para um repertório e vocalizações, que nada tem a ver com aquela fase em que um trio vocal significava suavidade. Mas mais quentes ainda são as cinco belas loiras que integram o grupo The Runaways ("Queens Of Noise", Mercury/Phonogram, 6338780, setembro/77), que não ficam em suas interpretações vigorosas, eletrificadas, apenas em novas músicas, como "Orn To Bad, "Il Love Playin"With Fire" e "Hollywood", mas até numa balada chamada "Johnny Guitar" - título que lembra um clássico do oeste - e da canção americana início dos anos 50.
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