Caras e vozes novas no pacote pop-Odeon
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de fevereiro de 1989
Em seu primeiro pacote de 1989 a EMI-Odeon traz dois interessantes álbuns de cantoras - Tania Maria (também pianista, hoje nome consagrado nos EUA) e a estreante mais badalada em 1988, Marisa Monte - que merecerão registros posteriores. Para a faixa que se liga à música pop também há novidades.
Marc Almond, cantor/poeta/peformático, americano de Southport, em seus tempos de estudante conheceu Dave Ball, com quem criou o Soft Cell - emplacando alguns sucessos (o mais conhecido foi "Tainted Love"). Partindo para uma carreira solo, em seu primeiro LP ("The Stars We Are") destacam-se faixas como "Bittersweet", o exótico "She Stole My Sole Istambul", a balada "Your Kisses Burn" (dividindo os vocais com Nico) assim como o poderoso "Tears Run Rings", que antecipada em compacto atingiu as "top 30". Sairá também o cassete e o CD com duas faixas extras - "The Frost Tomorrow" e "Kept Boy", está em dueto com Agnes Bernelle.
Robbie Nevil em seu primeiro LP emplacou três sucessos - "Dominoes", "Wot's It to Ya" e "C'est la Vie" - este galgando a preferência no Brasil ao entrar na trilha sonora internacional da telenovela "Brega e Chique" (Sigla). Para o seu novo LP ("A Place Like This"), Nevil incluiu faixas como a sinuosa "Getting Better" (remanescente do clima rhythm & blues dos anos 70), "Back on Holiday", "Love and Money", "Here I Go Again" (uma pretensa melodia jazzística, em parceria com Mak Mueller) e até "Too Soon", definida pela gravadora como "balada etérea" (sic).
Marillion é definida como "uma das mais populares bandas da Europa". Tendo como vocalista um cantor chamado Fish, 7 anos de estrada, o grupo terá agora um álbum duplo ("The Tilleving Mgpye") lançado no Brasil, paralelamente à catituagem do primeiro compacto gravado ao vivo da banda: "Kayeleight". Embora a banda esteja em alta, o vocalista Fish já começou a gravar seu primeiro álbum-solo
***
Jayne Mansfield (1932-1967) foi uma atriz loira, seios imensos e tentadores, "inventada" para concorrer com Marilyn Monroe (1926-1962), mas que assim como outras imitações - a inglesa Diana Dors (1931-1984) ou a holandesa-americana Mamie Van Doren, não deu certo. Enventualmente, Jayne pode ser vista na televisão em reprises de ingênuas comédias como "Sabes o que eu quero" (Will Sucess Spoil Rock Hunter, 59, de Frank Tashlin) ou "Guia para um Homem Casado" (1966, de Gene Kelly), seu último filme. A informação é necessária para a garotada que adquirir o último álbum do grupo Sigue Sigue Sputnik ("Dress for Excess") saber quem é a musa citada na faixa 3 do lado A ("Hey Jayne Mansfield"). Na estrepolia sonora que este grupo faz - e que junta num álbum apresentado com a música para 1989 ("We Invented the Future"), a pretensão dos rapazes começa já na primeira faixa - "Albinoni Versus Star Wars", dizendo assim, juntar a "inspiração" de Tommaso Albinoni (1671-1750), autor de obras belíssimas para violino (Bach aproveitou alguns de seus temas para compor suas "Fugas"), com a música de John Williams para a saga espacial de George Lucas. O resultado é um pastiche de muitos decibéis que só vale pela curiosidade. Assim como a faixa dedicada a Jayne Mansfield fica apenas para registro dos cinéfilos mais tolerantes (e ardorosos).
Syd (Roger Keith) Barret (Cambridge, Inglaterra, 1946) fundou em 1965 o notável Pink Floyd, sendo responsável pelas letras surrealistas, cheias de visões místicas e interplanetárias que ajudaram a fazer do PF o grupo cult dos anos 60 - e que permanece até hoje, embora em reciclagens diferentes como mostrou no recentíssimo "Delicate Sound of Thunder" (CBS, ábum duplo). Foi lamentável, mas Syd se tornou tão excêntrico e cheio de problemas pessoais (principalmente pelo uso de drogas pesadas) que foi substituído no grupo por David Gilmour, em 1968. Chegou a lançar dois LP's solo mas depois disso pirou de vez, sendo internado em clínicas especializadas. Seus antigos companheiros do Pink Floyd o homenagearam com "Wish You Were Here" (surgiu o folclore de que ele teria aparecido no estúdio durante as gravações, mais isto nunca se confirmou). Agora, a EMI-Odeon edita "Opel", com gravações feitas entre maio/68 ("Lanky") a junho de 1970 ("Rats", "Dolly Rocker", "Word Songs", "Milky Way"). Na garimpagem que se procede sobre fitas deixadas por artistas que morreram - ou deixaram de produzir - é natural que o material de Barret, tão criativo em sua época, mas vítima das drogas, fosse naturalmente reaproveitado. E está aí, para a curtição dos fãs velhos e novos.
LEGENDA FOTO - Syd Barret, fundador do Pink Floyd em 1965, vítima das drogas, com um elepê em que estão gravações de sua última fase, já bastante pirado.
Enviar novo comentário