Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de março de 1974
Difícil seria apontar em "Matadouro Cinco" (Cine Scala, 20 e 22 horas, encerrando o Festival dos Melhores de 73), onde estão os maiores méritos: se a ágil direção de George Roy Hill (também com outra boa reprise na cidade: "Butch Cassidy" Cine Excel sior), o esplendido roteiro de Stephen Geller do romance de Kurt Vonneguth Jr. (edição no Brasil da Atenova)a premiada (Oscar-72) montagem de Dede Allen (foto) ou a inspiradíssima trilha sonora de Glen Goud, com temas de Bach e Leedy Observe-se como quiser e o resultado é um só: << Slaugh terhouse-Five >> está entre os mais felizes filmes já realizados em torno de guerra, conseguindo mostrar toda sua bestialidade e insensatez num clima de realismo fantástic, em que passado-presente-futuro, numa linguagem perfeita - e no que, sem dúvida, a perfeita montagem de Allen foi fator preponderante. Os 103 minutos de projeção fluem tranquilamente, tão agradáveis quanto o Concerto n.o 5 de Bach, que na perfeita interpretação da Menehin Festival Orchestra, sob a regência de Yehudi Menuhin equilibra-se ao som dos aviões destruindo com bombas a cidade de Dresden - num dos mais cruéis genocídios dos muitos registrados na II Guerra Mundial. Sem dúvida, um filme como << Matadouro Cinco >> deveria ser exibido todos os meses, para todos os homens (responsáveis) pelos destinos do mundo. Sem demagogia, sem falsas mensagens pacifistas ou críticas ao sistema, George Roy Hill conseguiu traduzir em imagens tudo aquilo que Vonsegutt viveu o pretendeu contar em seu maravilhoso livro. Um filme inesquecível que deve se (re)ver sempre. Aproveitam portanto a chance (única) de hoje: vamos ao Scala!
Enviar novo comentário