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Aramis

Conheça hoje a Josephine Baker quando jovem atriz

Felizmente a gafe cometida na primeira seleção dos filmes que foram programados para o segmento local da 14a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo foi corrigida ao menos em parte: dos dois históricos filmes estrelados pela cantora-atriz Josephine Baker (1906-1975), que foram restaurados recentemente e exibidos em fevereiro/89, no Fil Forum 2, cinema de Nova York especializado em clássicos e filmes de arte, ao menos um acabou vindo para Curitiba: "A Princesa Tam Tam", 1935, de Edmond T. Graville (1910-1966). Infelizmente "Zou Zou", 1934, de Marc Allegret (1900-1973) não virá. Espécie de "pigmaleão", "Princesa Tam Tam" é a oportunidade de se ver na tela uma atriz e cantora que foi um mito no music hall dos anos 40/50. Nesta comédia que terá hoje duas projeções (15 e 20 horas, Cine Ritz), um escritor de passagem pela Tunísia encontra Alwina (Josephine), negra exótica. Impressionado com sua comunicabilidade, o escritor, que havia rompido com sua mulher, decide dar-lhe um "banho de civilização" e conquistar Paris com sua dançarina "selvagem". Uma história ingênua mas valorizada pela presença de uma atriz que, embora tenha vindo cinco vezes ao Brasil (a primeira em 1929, a última em 1969), é praticamente ignorada pelo público mais jovem. xxx Segundo filme de hoje é uma produção de um cinema totalmente desconhecido no Brasil: o iraniano. "O Ciclista", baseado num acidente que o diretor Mohsen Makhmalbaf presenciou aos 10 anos, tendo como protagonista um refugiado paquistanês. Ex-militante político contra o governo de Xá Rheza Phablevi, Mohsen passou cinco anos na prisão e a partir de 1979 iniciou sua carreira com cineasta. xxx Amanhã, finalmente, um filme com legendas em português: "Palombella Rossa" (sessões às 17 e 22 horas) traz uma das novas esperanças do cinema italiano, Nanni Moretti, prêmio especial do júri em Veneza em 1981, com "Sogni d'Oro". Neste seu primeiro filme que chega ao Brasil, aborda a massificação da televisão, o império da publicidade, a crise da esquerda e a influência da igreja. xxx Baseado em fatos reais - mas antes nunca divilgados - "Por Trás do Sol Nascente", produção coreana, direção de T.F. Mous, é candidato a ser o filme de maior terror desta mostra: um documento drama reconstituindo os horrores praticados por uma unidade do exército japonês em prisioneiros de guerra, utilizando-os como cobaias de experiências com venenos e micróbios. Há cenas que só mesmo espectadores de estômago forte conseguem suportar. Mesmo primário como filme, maniqueísta ao extremo, este filme vale como denúncia, provando que perto do que os japoneses teriam feito em seus campos de concentração, os nazistas podem ser classificados de "bonzinhos". Foi exibido na 4a. feira. xxx Segunda-feira, dois longas só recomendáveis a quem domine muito bem o inglês: tanto "Desejo", 89, de Stuart Marshall como "Henry: Perfil de um Serial Killer", EUA, 85/90, de John McNaughtoh, chegam em versões originais. O curta é a produção checa "Escuro, Claro, Escuro", 89, de Jan Svankmajer.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
10/11/1990

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