Correspondência
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de junho de 1979
Da senhora Fernandina Coelho, viuva do jornalista Carlos Coelho, falecido há dois anos, em Curitiba, quando aqui chefiava a redação do "Diário do Paraná", recebemos simpática carta, enviada de São Paulo, onde atualmente reside, com seus 4 filhos. Agradecimento registro que fizemos dia 5 de maio último, em relação a desconsideração por parte da assessoria do ex-prefeito Saul Raiz, em nem sequer informá-la de que uma praça seria inaugurada com o nome de seu marido -mestre de pelo menos duas gerações de profissionais paranaense, nos períodos em que viveu em Curitiba, entre 1962/63, como chefe-de-redação da sucursal de "Última Hora" e, entre 1976/77, na tentativa de reestruturação do "Diário do Paraná". Dona Fernandina ficou tão magoada pela exploração unicamente demogógica e política feita em torno da inauguração da praça com o nome de seu marido, no apagar das luzes da administração de Saul Raiz, que pretendia publicar uma carta aberta, denunciando os fatos. Em sua linguagem sincera, emocionada, ela diz: "Não entendo de política e nem de política barata, mas entendo de moral e sentimentalismo. É com a moral que sempre meu marido viveu, não se deixando corromper pela políticagem e nem pela demagogia, que tenho alicerçado os princípios de minha família. De sentimentos eu também entendo porque meu marido era puro, ingênuo, que nem em vida percebeu o que fizeram com ele. Um jogo sujo, desonesto, desleal, um jogo que não se faz a quem é simples e está cheio de amor para dar (...) Meu marido era simples demais e talvez nem ele quisesse seu nome em praça pública. E digo: ao simples o respeito que eles merecem. Meu marido nunca foi político e se eu soubesse de toda essa palhaçada não teria permitido essa inauguração que só serviu para entrar na lista de estatística e fazer com que aqueles gotam de aparecer ficarem em evidência". A sra. Fernandina Coelho já entregou ao jornalista e escritor Ignácio de Loyola, que também teve em Coelho um de seus mestres mais queridos, dezenas de contos inéditos, para serem selecionados e editados num livro póstumo - isto sim uma homenagem respeitosa a memória do grande jornalista que Carlos Raymundo Coelho foi - e das muitas lições que ele transmitiu a todos que tiveram a felicidade de com ele conviver nas redações.
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