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Aramis

Desmaios no cinema

Até ontem, nas 15 primeiras exibições de "Meu Corpo Em Tuas Mãos" (cine Lido, desde sábado, 5 sessões por dia), cerca de uma dezena de pessoas desmaiaram nos primeiros 20 minutos de projeção do filme, obrigando o gerente do cinema, Zito Alves, a montar um pronto-socorro de emergência na sala de espera do cinema. A seqüência em que a personagem Barbara Sawyer (Elizabeth Taylor) é submetida a uma longa operação plástica pelo dr. Lambert (Maurice Teyna), apresenta detalhes em primeiro plano dignas de um filme científico (aliás, o diretor Larry Peerce teve como consultor o dr. Rudolphe Troques, do Centro Cirúrgico de Vincennes, Paris) e a cinemoscópica e colorida visão de um rosto sendo operado, atinge, sem dúvida, os espectadores mais sensíveis. A busca da beleza (e juventude) de uma mulher de 50 anos, ainda apaixonada pelo adúltero marido (Henry Fonda, numa curta presença) e que tenta reencontrar num paradisíaco cenário turístico (Cortina D'Ampezzo, [Itália]) uma nova vida, permitiu ao talentoso Larry Peerce ("Amor de Primavera", "O Incidente") realizar um filme adulto, bem acabado tecnicamente e que deverá encontrar grande aceitação junto ao público. Mesmo não aprofundando os problemas psicológicos advindo de uma operação plástica - como em 1958 fez o francês André Cayatte ("O Espelho de Duas Faces/Le Miroir à Deux Faces"), ou a visão quase de ficção-científica do vigoroso John Franknheimer em "O Segundo Rosto" (Seconds, 1965) - Peerce conseguiu bons resultados com o roteiro do francês Jean-Claude Tramont e Elizabeth Taylor (42 anos, 31 de cinema) tem uma interpretação segura, vivendo um papel que para uma mulher de sua idade, não deixa de ser um desafio. Na romântica trilha sonora que Maurice Jarre montou, ao lado do clássico "Ruby" (na voz de Ray Charles), uma apropriada intervenção de "Samba de Orfeu", que Luis Bonfá e Antonio Maria (1921-1964) compuseram em 1957, para a trilha sonora da adaptação que o francês Marcel Camus fez do "Orfeu do Carnaval" de Vinicius de Moraes. A fotografia do excelente Ennio Guarnieri valoriza ao máximo a turística Cortina D'Ampezzo, sem retirar o clima dramático de muitas seqüências.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
05/11/1974

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