As farpas de Sade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de janeiro de 1984
Em sua irreverência crítica - mas com carradas de razão - o marchand-de-tablaux, observou que enquanto em São Paylo há um legítimo festival cultural de verão, com excelentes filmes, 40 peças em cartaz, exposições etc., em Curitiba, os "donos" das caríssimas instituições culturais (a nossa Fucucu custa uma média de Cr$ 30 milhões por dia, conforme o orçamento previsto para 84) insistem em tirar férias no mês de janeiro. A Fundação Teatro Guaira, adotando uma política errada que, infelizmente, a diretoria anterior oficializou, também está fechada neste mês, com a discutível desculpa de "trabalho de manutenção".
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Diz Sade: "Em São Paulo há shows e muita coisa para se ver em todos os museus e nas fundações. Retrospectivas, exposições, dezenas de promoções e há público para tudo. Justificando todo o empenho em não se dar férias às artes, à cultura. Curitiba, incrível, é uma das poucas capitais onde se cultiva, com fervor, a "curtura" de Verão...".
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Arguto e ferino, Jorge Sade cunhou uma deliciosa frase para definir as "revelações" artísticas que certas galerias de arte (sic) estão promovendo:
- A moda curitibana, agora, é dormir serralheiro e amanhecer escultor. Dormir material elétrico e acordar marchand. Domir dona-de-casa e acordar docoratriz. E assim por diante...
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