Login do usuário

Aramis

Festival inicia com uma overdose de programação

Gramado Começa a esquentar hoje - em contraste com o clima que faz na região, - a programação desta 19ª edição do festival que até o próximo sábado estará movimentando uma das mais belas cidades turísticas do país. Entre filmes concorrentes e exibidos em mostras paralelas, poderá se ver produções de várias procedências. Assim, já no começo da tarde - 15h - será difícil fazer a escolha enquanto no auditório Elizabeth Rosenfeld, do Centro Municipal de Cultura (uma antiga fábrica reciclada na administração anterior) será feita a homenagem ao fotógrafo e cineasta bissexto Salomão Scliar, recentemente falecido, com a projeção de seu longa "Vento Norte" (*). No embaixador, inicia a mostra internacional, com "Cabeça de Vaca", do mexicano Nicholas Echeverria, que concorreu em Berlim em 1990 e foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro (perdendo para "Cinema Paradiso"). Biografia do conquistador Alvar Nuñez Cabeza de Vaca (1507/1559?), é uma super produção de 112 minutos, ao estilo "Aguirre", de Werner Herzog, mostrando a odisséia do conquistador espanhol, tesoureiro do rei Carlos V da Espanha, a partir de uma expedição à Flórida em 1528, com mais de 500 homens. Em outras expedições, Cabeza de Vaca chegou até a região onde hoje é Guaíra, no Paraná. Competição A parte competitiva inicia à tarde, logo após os debates dos filmes que abriram ontem o festival - os curtas "Os Desertos Dias" de Fernando Severo e "Moleque de Rua - O Nobre Pacto", de Márcio Ferrari (SP) e o longa "Rádio Auriverde". No auditório Lupicínio Rodrigues, serão exibidos dois médias-metragens: "O Vôo Solitário" de Everson Faganello (SC) 16mm e "Isto é Noel", de Rogério Sganzerla (RJ), em 35mm - que abordam o entomólogo alemão Fritz Plautmann, radicado em Florianópolis e o compositor Noel Rosa (1910-1937), respectivamente. Às 20h, no cine Embaixador, haverá uma programação dupla, exigindo resistência aos que estiverem acompanhando o festival desde a tarde. Inicialmente, "Au Revoir Shirley", curta de Gilberto Perin, já levado ao Festival de Brasília, que, com suavidade, conta a história de um travesti gaúcho (interpretado por Rebecca McDonald, ator transformista nas noites gaúchas), que abandona o namorado (Angel Palomero) para tentar realizar o sonho de tantos gays brasileiros: buscar melhores condições de vida em Paris. "Manobra Radical", de Elisa Tolomelli (esposa do cineasta Alberto Salvá), uma produção destinada ao público jovem, um dos poucos longas concluídos no Rio de Janeiro no ano passado (onde já foi lançado comercialmente) destina-se à faixa jovem, com uma história simples e alguns nomes populares no elenco: Cecil Thiré, Imara Reis (presença em todos os festivais, sempre muito badalativa), José de Abreu (gaúcho, que também deve chegar hoje), Otávio Augusto, Flávia Monteiro - a "Menina do Lado", ninfeta que há 3 anos provocou frissons em Gramado e até na TV-woman Leila Richers. A produção executiva à de uma bela a ativa jovem gaúcha, Mônica Schmiedt. Na segunda etapa da noite, o curta será "Uzebriolouco", do paulista Adilson Ruiz, experiência interessante feita apenas com um ator (José Celso Martinez Corrêa) em homenagem ao seu irmão, o também ator e diretor, Luiz Antônio (1948/1987). Finalmente, o longa "A República dos Anjos", produção de época, rodados em Goiás, entre agosto e outubro de 1989, e que biografando a vida da líder messiânica e curandeira Santa Dica (Benedita Cipriano Gomes - Pirenópolis-GO, 15/4/1909 - Lagoa, 5/11/1970) - interpretada por Denise Milfont - passa pela Coluna Prestes, revoluções de 30 e 32 e traz personagens como o poeta Jorge de Lima (1893/1953), interpretado pelo cantor Fagner. Dirigido por Carlos Del Pino, 42 anos, uruguaio radicado no Brasil, numa produção com a TVE Television Espanhola S/A, reúne um grande elenco (Marcelo Picchi, B. De Paiva, Tânia Alves, Gilson Moura, Valéria Francisco, Malu Moraes, etc.), tem trilha sonora de Jacques Morelembaun e de Roberto Corrêa, um virtuose da viola caipira - que também participa como ator. Nota (*) Apesar de relacionadíssimo no Paraná - era grande amigo do falecido editor José Curi, colaborou nas revistas "Guaíra" e "Panorama", e ter parentes próximos em Curitiba, Salomão Scliar - irmão mais velho do artista plástico Carlos - Morreu há alguns meses, sem que houvesse qualquer registro na imprensa curitibana. Fotógrafo renomado, jornalista, editor, homem de muitas estórias, Salomão realizou em 1952, pela Horizonte Filmes, de Porto Alegre, o longa "Vento Norte", preto e branco, do qual foi roteirista, diretor e fotógrafo. Josué Guimarães (romancista gaúcho falecido em março/86) fez os diálogos, a cenografia foi de Eduardo Tanon e a música de Luís Cosme. Do elenco, apenas um ator faria carreira - Roberto Batalim, atuando ao lado de Patrícia Diniz, Berta Scliar, Valéria e Manuel Peixoto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
19
06/08/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br