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Paisagem do Litoral paranaense abre o 19º Festival de Gramado

Pela primeira vez nos 19 anos do Festival de Gramado, as primeiras imagens a serem projetadas na ampla tela do cine Embaixador, amanhã à noite, serão de um filme totalmente feito no Paraná: "Os Desertos Dias", ex-"Longas Sombras no Fim da Tarde", que Fernando Severo rodou entre abril/maio de 1989 em Antonina, Morretes e Ilha do Mel foi o curta programado para abrir ao mais badalado evento cinematográfico do país. A belíssima fotografia do carioca Flávio Ferreira (que na mesma época também ajudou a Fernanda Morini realizar "A Loira Fantasma", que esteve no Festival de Brasília) captou com rara felicidade, em película Kodak, colorida, 35mm, imagens deslumbrantes do casario, vegetação, do rio Nhundiaquara (em Morretes) e, especialmente, do mar azul em Antonina e na Ilha do Mel. Só os cenários de "Os Desertos Dias" - baseado livremente num texto de Jorge Luís Borges já conferem a este filme paranaense condições de abrir, da forma das mais promissoras, um evento que, justamente na área dos curtas metragens terá trabalhos estimulantes. Após "Os Desertos Dias", será projetado "Moleque de Rua - O Nobre Pacto" de Marco Ferrari, que em Brasília, obteve premiações e elogios, confirmando a criatividade de uma nova geração de realizadores. O longa da noite será "Rádio Auriverde", provocativo e ofensivo filme à Força Expedicionária Brasileira, que a exemplo do que aconteceu em Brasília (onde foi o único concorrente longa a não obter nenhuma premiação) deverá motivar polêmicas e justos protestos de pracinhas e outras pessoas que discordam da forma com que este filme financiado pela Prefeitura de Curitiba e o governo Álvaro Dias - aborda participação do Brasil na II Guerra Mundial. Na terça-feira, 6, a programação será intensa: numa primeira sessão o curta gaúcho "Au Revoir Shirley", de Gilberto Perin e a comédia jovem "Manobra Radical" de Elisa Tolomelli. Na segunda sessão, o curta "Uzebriolouco", do paulista Adilson Ruiz - homenagem a memória de Luiz Antônio Marinez Corrêa, cruelmente assassinado em 1987, numa interpretação emotiva de seu irmão José Celso. Produção já levada ao Festival de Brasília/1990, este curta (9 minutos) é definido pelo seu autor como "uma metáfora do artista maldito, borgianamente alusivo à vida e à obra do grande ator e encenador do teatro nacional, José Celso Martinez Corrêa, irmão de Luiz Antônio". O longa da noite será a superprodução "República dos Anjos", de Carlos Del Pino - que exibido hors concours encerrou o último festival de Brasília. "O Estado do Paraná", até agora foi o único jornal a dedicar duas grandes reportagens sobre este filme que traz às telas a mítica figura de Santa Dica (Benedita Cipriano Gomes, 1901-1970), líder camponesa, curandeira, participante de lutas políticas - numa interpretação marcante da atriz brasiliense Denise Milfont (vista na minisérie "O Bem Amado", Rede Globo). A PROGRAMAÇÃO A programação dos longas prosseguirá na quarta-feira com "Vai Trabalhar Vagabundo II - A Volta", de Hugo Carvana (prêmios de melhor ator; melhor coadjuvante - Andrea Beltrão em Brasília) e "O Filme da Minha Vida", de Alvarina Souza Silva. Os curtas serão "Independência", de João Batista de Andrade e "Wholes", de A. S. Cecílio Neto. Quinta-feira, o curta mais esperado do festival: "Esta não é sua vida", de Jorge Furtado, cineasta gaúcho que em 1989 foi superpremiado por "Ilha das Flores" (Urso de Prata, Berlim, 90 e 10 outros troféus). Antecipará ao polêmico "Matou a família e foi ao cinema", de Neville D'Almeida - refilmagem do filme undigrudi de Júlio Bressane (1969) e que lhe valeu o Candango de melhor diretor em Brasília (recebido sob vaias do público). Na segunda sessão da noite, o curta "Aventura, Amor e Transporte Público", de Bruno de André e o longa "Não quero falar sobre isso agora", de Mauro Faria - filho (Roberto), irmão (Lui) e sobrinho (Reginaldo) de uma família de cineastas. Sexta-feira, na última noite em competição, os curtas serão "Bastidores" de Carla Camuratti, "Viver a Vida" de Tata Amaral (melhor direção, Brasília) e "A Verdade" de Nelson Nadotti. O lona será "Sampaku - O Olho da Ambição" de José Joffily, filho do historiador José Joffily (que reside em Londrina). No encerramento do Festival, serão exibidos hors concours os vencedores da Brasília: o curta "Rota ABC" de Francisco Cézar Filho e o longa "O Corpo", de José Antônio Garcia.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
04/08/1991

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