A equilibrada premiação no Festival de Brasília
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de outubro de 1987
Brasília
Foi justo e equilibrado: Dos seis longas-metragens em 35mm que concorreram na vigésima edição do mais antigo dos festivais do cinema brasileiro, os cinco que mereciam acabaram premiados.
A comissão julgadora formada pelos cineastas Fernando Coni Campos, Antônio Carlos Fontoura e Teresa Trautman, roteirista Leopoldo Seram, ator Emanuel Cavalcanti e mais os professores de cinema em Brasília, Rogério Costa Rodrigues e Geraldo Sobral, permaneceu até às 19 horas da noite de quarta-feira, 21, analisando os filmes em competição, buscando a fórmula mais justa. E, pelos aplausos do público - e clima de confraternização entre os cineastas participantes - o resultado agradou. Uma ou outra vaia ou natural reclamação não diminuiu o equilíbrio da premiação.
Também o júri dos filmes em 16mm - integrados pelos cineastas Roberto Pires, Neville Almeida, Tânia Quaresma, crítico Pedro Martins (do "Diário do Nordeste", Fortaleza), jornalista Helena Salim e professores de cinema Eduardo Henrique Diniz e Lionel Lucini, soube fazer justiça: "Terra para Rose", o grande filme do Festival - politicamente um dos mais importantes do ano - foi consagrado com seis troféus, incluindo os Candangos oficiais e premiações especiais.
Em quantidade, "O País dos Tenentes" ganhou a maioria dos Candangos: melhor ator (Paulo Autran), montagem (Idê Lacreta), música (Almeida Prado), argumento (João Batista de Andrade) e direção de arte (Marcos Weinstock). "Anjos da Noite" - que já havia sido consagrado com 5 Kikitos, em Gramado, RS (maio/87) - mas perdendo como melhor filme para "Anjos do Arrabalde", de Carlos Reichembach teve quatro prêmios: levou um milhão de cruzeiros como melhor filme; o fotógrafo José Roberto Eliezer recebeu duas premiações - Candango e mais um cheque de 80 mil e mais os Cr$ 50 mil oferecidos pela Agfa-Gevaerd, que a exemplo do que faz a Kodak, no Festival de Gramado (Prêmio Edgar Brasil) também passou, a partir de agora, a premiar as melhores fotografias e filmes 35mm e 16mm, exibidos no Festival de Brasília. "Anjos da Noite", direção de Wilson de Barros (estréia programada para o Lido II dentro de algumas semanas) mereceu também as premiações da Associação Brasileira dos Cineastas, "pela contribuição a renovação da linguagem cinematográfica" e o troféu Imprensa.
"Leila Diniz", de Luís Carlos Lacerda ("Bigode"), foi o maior êxito popular: a sessão do cine Karim, em que este filme leve e simpático foi apresentado, esteve superlotado e o público o escolheu como o melhor da mostra. O júri oficial referendou o óbvio: Louise Cardoso ganhou o Kikito de melhor atriz e o ator Paulo César Grande levou a troféu de melhor ator coadjuvante.
Louise, que já havia sido vitoriosa no ano passado, por "Baixo Gávea", (dividindo o troféu com Ana Beatriz, de "Vera") teve uma forte concorrente: Lucélia Santos, por sua tríplice interpretação em "A Fonte da Saudade", o filme de Marcos Altberg que concluído há um ano, esteve, sem obter premiações, no FestRio e Gramado. Mas se Lucélia não foi premiada, Marcos e sua esposa, Julia, saíram vitoriosos desta vez, com os Candangos, de melhor direção e roteiro, respectivamente.
"Fronteira das Almas", o político e atualíssimo filme de Hermano Penna, mereceria maior premiação, pelo tema que aborda e sinceridade em sua realização. Ganhou apenas os prêmios especial do Júri e valeu a Marcélia Cartaxo o troféu de melhor atriz coadjuvante.
"A Guerra do Brasil", que no XV Festival do Cinema Brasileiro de Gramado (abril/maio de 1987) já havia passado sem qualquer premiação, também em Brasília não obteve qualquer troféu. Na classificação do júri popular ficou em penúltimo lugar e foi o que teve menor público entre os longa-metragens exibidos no cine Karim.
LEGENDA FOTO - Louise Cardoso: melhor atriz do Festival de Brasília por "Leila Diniz", escolhido também melhor filme pelo júri popular.
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