Fundada a Associação Nacional de Críticos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de outubro de 1987
Na noite de sexta-feira, 9, numa das salas do hotel Del Rey, aconteceu uma reunião histórica: a criação da Associação Nacional de Críticos de Cinema. A idéia era antiga: em diferentes ocasiões, sempre que jornalistas da área de diferentes Estados se encontravam surgia a discussão sobre a necessidade de uma entidade representativa dos profissionais que, nas diferentes regiões do Brasil, se dedicam ao jornalismo cinematográfico.
Regionalmente, experiências já aconteceram. Em Minas Gerais, existe uma atuante associação há mais de 20 anos. Em São Paulo, há a Associação dos Críticos de Arte - que engloba também profissionais das áreas do teatro, música, literatura e artes plásticas. E no Rio de Janeiro, graças ao empenho de Nelson Hoineff ("O Dia", "Manchete", correspondente de "Variety" no Brasil) funciona a Associação Carioca dos Críticos de Cinema.
Entre as 14h30min/18 horas de sexta-feira, durante a mesa redonda sobre imprensa, cinema & vídeo (auditório Brasílio Itiberê, Secretaria da Cultura), o crítico Pedro Martins Freire, do "Diário do Nordeste", de Fortaleza - interpretando o pensamento de colegas como Nirton Venâncio, d'"O Povo" - também de Fortaleza; Hermes Filho Leal, editor da revista "Cisco", de Goiânia; Amilton Almeida, d'"A Gazeta", de Vitória - entre outros - já havia proposto a criação da associação. Entretanto, na amplitude dos debates, a efetivação de uma associação só viria a ocorrer horas depois, numa reunião em que se discutiram, longamente, os diferentes aspectos da necessidade de aproveitar o encontro de 15 jornalistas da área de cinema, convidados para acompanhar a I Mostra do Cinema Latino-Americano do Paraná - e principalmente o fato da representação extrapolar o eixo Rio-São Paulo, - para que se estabelecesse as bases de uma entidade nacional.
Conforme constou da ata de fundação, cujo registro em cartório já está sendo providenciado nesta semana, com assessoria jurídica do advogado Dalio Zippin Filho - "a criação de uma entidade para congregar os críticos de todo o país correspondeu ao anseio unânime dos participantes, os quais consideraram oportuna para fundá-la a ocasião rara de se encontrarem reunidos em Curitiba críticos de diversos pontos do país. A única voz discordante foi a de Nelson Hoineff, que por não considerar oportuno o momento, propôs sua protelação. A Coordenadoria provisória foi encarregada de manter informados os participantes da reunião inicial ao maior número de críticos de cinema em todo o país sobre a decisão, e de viabilizar, com apoio dos presentes à reunião, um novo encontro que possa reunir, dentro de poucos meses, uma significativa parcela da categoria para a discussão e aprovação, em Assembléia Geral, do estatuto da entidade a ser elaborado nesse período de tempo, bem como da eleição de sua primeira diretoria.
A Coordenação Provisória e os demais participantes da Associação Nacional de Críticos de Cinema ressaltam a importância do acontecimento e se comprometeram a conduzir o processo de sua implantação definitiva da forma mais democrática e abrangente, para a plena realização de seus objetivos".
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A escolha para a coordenadoria-geral da diretoria provisória foi unânime: Pola Vartuck, jornalista d'"O Estado de São Paulo", crítica militante há mais de 25 anos, respeitadíssima nacionalmente pela sua competência, equilíbrio e integridade. "Pola é uma espécie de Pauline Kael brasileira" disse o jornalista José Eduardo Mendonça, editor da revista "Fotogramas & Vídeo", de São Paulo - comparando-a intelectualmente, a famosa crítica do "The New York Times". Poliglota (fala 8 idiomas) sempre atenciosa com todos, Pola integrou inúmeros júris e comissões ligados a cinema, participou de festivais e mostras em todo o mundo e representa, realmente, a pessoa certa para aglutinar os críticos de cinema do Brasil.
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Inúmeras questões relacionadas a nova entidade - desde seu quadro associativo até o âmbito da ação - serão objetos de estudos, para a elaboração de um anteprojeto de Estatuto que será discutido em próxima ocasião, possivelmente no XVI Festival de Cinema Brasileiro de Gramado, evento que por sua representatividade aglutina o maior número de profissionais ligados ao setor do jornalismo cinematográfico.
Assinaram a ata de fundação da Associação, os seguintes críticos: Rubens Ewald Filho ("Jornal da Tarde", Rede Globo, Vídeo-News etc), Edmar Pereira ("Jornal da Tarde", SP); Everson Faganello ("A Notícia", Joinville); Pedro Martins Freire ("Diário do Nordeste", Fortaleza); Hermes Filho Leal (revista "Cisco", Goiânia); Marcelo Castilho Avelar ("O Estado de Minas", Belo Horizonte); Pola Vartuck, Wilson Cunha ("Jornal do Brasil"); Helena Salem ("O Globo", Rio de Janeiro); Ricardo Cota ("Cinemin", RJ); Nirton Venâncio ("O Povo", Fortaleza); Aramis Millarch e José Eduardo Mendonça ("Fotogramas & Vídeo", SP).
LEGENDA FOTO - Pola: presidente da Associação.
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