GENTE
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de março de 1973
A apresentação, amanhã, no Teatro do Paiol, do filme "Greed" - citado em todas as antologias como um marco dentro da história do cinema - exige uma breve apresentação de seu realizador, o vienense Erich Oswald von Stroheim (1885-1957). Imigrando para os Estados Unidos em 1910 por razões que permanecem tão obscuras quanto sua origem familiar, este genial austríaco foi exemplo, durante anos, da imagem do imigrante europeu que teve que abrir seu caminho no novo pais com extremas dificuldades, através de uma sociedade hostil e um idioma desconhecido. Obrigado a desempenhar os mais diversos serviços, seu primeiro contato com o cinema foi puramente acidental. Autor de uma comédia dramática, "Brothers", que conseguiu montar num teatro de Los Angeles, sua representação constituiu um tremendo fracasso e Stroheim decidiu abandonar suas pretensões literárias. Foi então que um dos atores de sua improvisada companhia lhe propôs ir para Hollywood como figurante. Poucos meses depois, era um stuntmad (especialista em cenas perigosas) e, assim, teve oportunidade de trabalhar num clássico de Griffith ("O Nascimento de Uma Nação"). A partir de 1917, quando eclodia a I Guerra Mundial, Stroheim especializou-se em interpretar alemães brutais, "o homem a quem você gosta de odiar" como dizia a publicidade na época. Sua carreira de mais de 100 filmes entre as atuações como ator ou diretor - tem alguns momentos únicos: em 1937 sua interpretação no filme "A Grande Ilusão" de Jean Renoir; em 1950. "Crepúsculo dos Deuses", de Billy Wilder praticamente seu último sucesso, embora nos seis anos seguintes tenha interpretado mais oito personagens em diferentes produções, a maioria inédita no Brasil.
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