A hora e a voz do Pagode!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de setembro de 1986
Paulinho da Viola faz falta. Sem gravar um disco há quatro anos, sua ausência é lamentada por todos que amam a melhor MPB. Só em participações especiais - em elepês que vão dos discos de Arrigo Barnabé a Elizeth Cardoso - se tem ouvido a voz suave, perfeita de nosso melhor sambista.
Neste ano de tanto rock supérfluo, com grupo que vendem milhares de cópias na proporção da mediocridade do que fazem, nem tudo está perdido. O Pagode surge como samba guerrilheiro - na feliz expressão do compositor, pesquisador e defensor de nossa cultura popular, Ney Lopes.
Dos fundos-de-quintal, da Escola de Samba Cacique de Ramos, o Pagode cresce cada vez mais e os primeiros pagodeiros a fazerem seus elepês - Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Eliane Machado, Pérola Negra, o grupo Fundo de Quintal também emplacam Discos de Ouro, por mais de 100 mil cópias vendidas. Novidade no Rio neste primeiro semestre, chegando a São Paulo, o Pagode se espalha por outras cidades - e em Curitiba, já uma casa usa o nome mágico, enquanto candidatos a Constituinte - como Márcio de Almeida ou Cláudio Ribeiro, também conclamam seus eleitores para "pagodes cívicos".
Viva o Pagode, que é uma resistência popular!
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