Humor de Groff e o monólogo de Zé
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de junho de 1980
Filho de dois pioneiros do cinema no Paraná - João Baptista Groff, também editor, empresário, fotógrafo e pintor - um nome respeitável e admirável sobre todos os aspectos, o engenheiro Luiz Groff é conhecido como um técnico da maior competência na área da consultoria. Já integrou a equipe da Serete e seu curriculum profissional é dos mais respeitáveis. Mas Luiz Groff herdou de seu pai o gosto pela arte e um grande senso de humor. E quem foi segunda-feira, no pequeno auditório do Guaíra, pôde conhecer a faceta de dramaturgo de Groff, com a leitura de sua peça << O Hipocampo >>, direção de Roberto Menghini e reunindo no elenco Paulo Cardoso, Fausto D`Aguiar, Ailton Silva (que substituiu, na última hora, a Roaldo dos Anjos), Nautilio Portela, Claudete Jorge, Neuza Maria, Claudete Benvenuto, Doris Gilda, Neiva Terezinha e Maria Shimanski.
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Idealizada por Marcelo Marchioro, quando diretor do Museu da Imagem e do Som do Paraná - hoje é o diretor de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra, o Ciclo de Leituras Dramáticas tem prosseguimento, numa soma de esforços do MIS/FTG e Associação dos Produtores em Espetáculos Teatrais do Paraná. A cada Primeira segunda-feira do mês, é apresentada uma peça - inédita ou proibida pela censura, num espetáculo que vem atraindo cada vez maior público. A 7 de julho será << Bom dia, Carmem Miranda >>, do pernambucano Vital Santos, direção de Luciana Cherobim.
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Luiz Groff explica sua peça << Hipocampo >> como uma caricatura << que pretende esculachar todos os governos, seitas e associações, quaisquer que sejam seus objetivos, ideologias, programas, pactos, uniformes, idade, profetas, slogans ou intenções >>.
Gozando do feminismo e do machismo, em sua peça Groff desconfia também da oposição: << os homens querem conquistar o governo tão somente para perseguir as mulheres e em seus devidos lugares: a cama e a cozinha. Dentro do mundo político, o universo onde tudo se cria, tudo se destróoi, nada se transforma, só um lema subexiste: o único objetivo é o Poder! >>
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A partir de hoje, José Maria dos Santos inicia nova temporada de << Lá >>, de Sérgio Jockymann, no Guairinha. Zé Maria já fez 1.004 apresentações deste monólogo, com o qual percorreu todo o Sul. Naturalmente, procurou adaptar o texto do gaúcho Jockymann aos novos tempos, atraindo, assim, o interesse mesmo de quem já conhece esta comédia. Aliás, o bom José Maria - presidente da Associação dos Produtores em Espetáculos Teatrais do Paraná, com a longevidade desta produção consegue um recorde regional talvez só perdendo, em escala nacional, para << As Mãos de Eurídice >>, de Pedro Bloch - que Rodolfo Mayer começou a apresentar a partir de 1949 - e só recentemente parou de apresentar-lhe ou o clássico << Deus Lhe Pague >>, de Joraci Camargo (1898-1973), que Procópio Ferreira (1989-1979) teve como principal ponto de seu repertório, de 1932 até há poucos anos antes de sua morte.
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