O cachorro do Waldick fez o baiano Zé do Brejo matar 2
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de junho de 1980
Notícia digna da coluna << Mosáico >>, na revista << Visão >>, a que foi manchete da página de polícia do << Correio da Bahia >>, Salvador, edição de sábado, 31 de maio: << Após quebrar disco de Waldick, matou dois fãs >>. A própria reportagem já mostra a ironia da tragédia - motivada pela música do << Frank Sinatra >> do Nordeste, no registro cívil Eurípedes Waldick Soriano, baiano de Caetité, 47 anos completados dia 13 de maio último.
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<< O servente José Inácio Torres, o Zé do Brejo, invadiu a casa 1.339 do Alto do Coqueiro, na cidade de Ilhéus, e depois de quebrar um disco do cantor Waldick Soriano, assassinou com seis tiros de revólver e várias facadas o operário Mariano Santana, de 28 anos, e seu cunhado, Genivaldo Medeiro Costa. Há muito tempo, o servente vinha insistindo para que Mariano e o cunhado diminuissem o volume da radiola, quando estivessem ouvindo a música << Eu não sou cachorro não >>, de autoria de Waldick Soriano. Entretanto as queixas de Zé do Brejo não eram levadas em consideração por Mariano e Genivaldo, que além de escutarem a música com o volume elevado, ainda cantavam em alto e bom tom. Outros vizinhos de Mariano e Genivaldo também criticavam a maneira como o operário e o cunhado escutavam a radiola, mas temiam reclamar, evitando assim atritos com a dupla. Mas Zé do Brejo já não aturava ouvir a música de Waldick Soriano, e ontem sem qualquer discussão desferiu seis tiros contra Mariano e Genivaldo e em seguida esfaqueou os corpos.
Além de quebrar o disco intitulado << Eu não sou cachorro não >>, Zé do Brejo destruiu a radiola, e quando tentava fugir foi preso pelo delegado Eduardo Cardoso, da Primeira Delegacia de Ilhéus. Quando o policial entrou na residência das vítimas, encontrou os cadáveres em meio a uma enorme peça de sangue. A faca utilizada pelo criminoso estava cravada no peito de Mariano. Depois de ter sido autuado em flagrante, Zé do Brejo foi recolhido à cadeia pública da cidade, à disposição da Justiça. Ao ser interrompido pelo delegado Eduardo Cardoso, Zé do Brejo confessou que não tinha nada contra Waldick Soriano, pois até gostava de suas músicas. << Mas aturá-lo a noite inteira, com o volume da radiola elevado, é dose pro cachorro >>.
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