Ivan biografou Anibal mas queria era estudar Maneco
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de março de 1989
Agora que o deputado Anibal Curi é o presidente da Assembléia Legislativa - aumentando o poder que sempre teve naquela casa - por certo que o livro biográfico que o jornalista Milton Ivan Heller vem escrevendo sobre o político de maior influência no Estado nestas últimas três décadas ganhará maior cuidado para ser concluído. Profissional experiente e competente, Milton Ivan, curitibano do Cajuru, 58 anos, 32 de imprensa, publicou no ano passado "Resistência Democrática - A Repressão no Paraná" (Editora Paz e Terra/Secretaria da Cultura do Paraná) num trabalho que o animou a prosseguir em novos projetos voltados ao Paraná.
O livro sobre Anibal Curi está praticamente pronto, já que o básico da pesquisa foi completado há meses e, sendo uma visão simpática sobre o "guru" da política paranaense, Heller não teve problemas de reunir os depoimentos. Bem mais difícil foi a pesquisa sobre a repressão no Paraná, que envolveu centenas de entrevistas, procura de documentos, mergulho em arquivos de jornais e, principalmente, documentos de processos imensos, para conseguir filtrar, em linguagem jornalística, a violência a que os personagens reais foram vítimas, conforme descrições em muitas páginas.
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Pessoalmente, Milton Ivan desejaria estar trabalhando agora na biografia de uma das personalidades que mais influenciaram o Paraná neste século, através dos 13 anos em que foi o poderoso interventor - e sobre o qual inexiste qualquer estudo de profundidade: Manoel Ribas (Ponta Grossa, 8/3/1873 - Curitiba, 28/1/1946).
Há anos que Milton Ivan pensa em estudar o mais longo período governamental, com um mesmo homem, que o Paraná teve (1932-1945), sua personalidade polêmica, a sua visão administrativa - e, naturalmente o delicioso folclore que o cerca. Dentro de uma filosofia objetiva - resumida na frase "desprezando o protocolo e as etiquetas sociais, indiferente à legislação, sua intenção era unicamente reerguer o Paraná" - Ribas deixou obras importantes, preocupou-se com a agricultura e pecuária e foi, em sua época, um bom administrador - preocupado especialmente com a honestidade e a competência dos servidores públicos.
Infelizmente, o projeto de Ivan não sensibilizou o secretário René Dotti. Apesar de um estudo sobre Maneco Falcão e sua época ser plenamente justificável, o secretário da Cultura decidiu impor outro projeto para o jornalista: um reexame da questão do Contestado, que embora tenha sua importância já merecido vários livros.
Profissionalmente, Milton Ivan aceitou a missão, já que aprendeu, em seus tempos de repórter, a cumprir pauta mas, no fundo, preferia estar trabalhando no período de Manoel Ribas - projeto que guardará, carinhosamente, para uma próxima administração cultural.
LEGENDA FOTO - Milton Ivan: adiada pesquisa sobre Maneco Facão.
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