Marsicano e sua cítara
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de agosto de 1987
Dedicando-se à cítara num estudo diário de seis horas, o mestre Alberto Marsicano faz um trabalho que ele mesmo garante ser inédito em todo o mundo. Não só tocas as "ragas" indianas (gênero tradicional na Índia), mas transpõe para o instrumento peças de Bach, Mozart e Ravel. Foi com o mestre maior, Ravi Shankar, que Marsicano, formado em filosofia pela USP, aprendeu a dedilhar a cítara, em "workshops" em Londres.
Marsicano se diz apaixonado pelo instrumento que toca há 12 anos. Nesta apresentação em Curitiba, o mestre tem um repertório composto por três peças clássicas indianas: "Rava Silaval", "Raga Kati" e "Raga Bhairavi"; além do "Aclágio para Harmonia de Cristal", de Mozart, e "Minueto da Suíte do Caderno de Anna Magdalena", de Bach. Em seu currículo, no entanto, constam transposições para o instrumento da Partita nº 1 para Violino, de Bach, o Bolero de Ravel e até o Prelúdio nº 4 para Violão, de Villa-Lobos.
O mestre Alberto Marsicano explica que a cítara, como todo instrumento oriental, não é afinada segundo os cânones da música do Ocidente, a partir do século XVII. "As peças de Bach para violino, segundo ele, não foram compostas de acordo com o padrão ocidental, daí a possibilidade de transposição para a cítara. Com Ravel acontece a mesma coisa, já que este compositor utilizou uma escala muito próxima à escala flamenca. E no caso de Villa-Lobos, com algumas adaptações, Marsicano chega com a cítara a um gênero próximo dos repentistas nordestinos.
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Alberto Marsicano é tido como o único estudioso de cítara que se tem notícia no Brasil. Ele apresenta-se amanhã, às 21 horas, no Teatro Paiol, em Curitiba, numa promoção do Instituto Cultural Vídya (SP) e Fundação Cultural de Curitiba.
LEGENDA FOTO - Marsicano, raridade musical.
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