Memória musical de Pelão chega agora os solistas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de dezembro de 1989
Há seis anos que Pelão (João Carlos Botezelli), um dos mais apaixonados e competentes animadores e produtores ligados a MPB, vem desenvolvendo para a Elebra, poderosa empresa do setor de eletrônica magníficos discos-brindes. Como pesquisador incansável em favor da valorização de nosso cancioneiro, responsável por mais de 50 álbuns da melhor qualidade, atuante membro da Associação de Pesquisadores da Música Popular Brasileira - possível sucessor na presidência do carioca Albino Pinheiro, quando acontecer o próximo encontro nacional dos pesquisadores - Pelão criou para a Elebra a série Memória, que chega ao sexto volume, lançado no último dia 19, no Museu da Imagem e do Som - São Paulo, numa festa com a presença dos músicos envolvidos no projeto.
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Este ano, ao invés de buscar fonogramas históricos, de diferentes etiquetas, para compor um álbum, Pelão optou por gravções originais dentro da temática Solistas, "valorizando os melhores solistas e os instrumentos utilizados de Norte a Sul do País" explica o produtor. Assim, cada faixa tem o destaque de um único solista "e assim encontramos a flauta do Rio Grande do Sul (Plauto Cruz), a viola de Minas (Roberto Correa), o contrabaixo de Pernambuco (Toinho Alves), não esquecendo o cavaquinho carioca (Henrique Leal Cazes), o piano campineiro (Laercio Freitas), o grande violão brasileiro - o acordeon do mestre Chiquinho, o bandolim de Joel, o violino de Zé Gomes etc.
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Além da homenagem aos solistas, o disco tem um homenageado maior: Radamés Gnattalli (1906-1988), que foi um dos grandes amigos de Pelão e reconhecido por todos os solistas convocados como a maior presença que a MPB teve em todos os tempos. Assim, um registro histórico, com o próprio Radamés executando "Carinhoso" (Pixinguinha/João de Barro) abre o disco, num repertório que presta várias homenagens: os 30 anos de "Balada Triste" (Dalton Vogeler Gomes/Esdras Silva); os 60 anos de Johnny Alf (Alfredo José da Silva), trasncorridos no dia 19 de maio, sem qualquer comemoração oficial - presente com "Céu e Mar" (1960); a saudade de Chocolate (Dorival Silva), falecido em 27 de agosto deste ano - de quem é lembrado o seu clássico "Canção de Amor" (parceria com Helano de Paula) - prefixo musical da Divina Elizeth Cardoso. Outra homenagem que o grande Pelão presta é a Meira (Jaime Florence, 1909-1982), professor de três gerações de virtuoses do violão - Baden Powell, João de Aquino e Rafael Rebello, que aqui dá sua interpretação a mais conhecida das composições do mestre - "Molambo".
Um disco-documento, produção das mais competentes - marca registrada de Pelão - inclui também "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá" (João Bosco/Aldir Blanc); "Nossos Momentos" (Haroldo Barbosa/Luiz Reis); "Pois É" (Ataulfo Alves); "Tristeza do Jeca" (Angelino de Oliveira); "Maria" (Ari Barroso); "A Noite do Meu Bem" (Dolores Duran) e "Agora é Cinza" (Bide/Marçal).
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A música brasileira já deve muito a Pelão. Seu crédito aumenta com este belíssimo volume 6 da série Memória, produzido para a Elebra e que sendo uma produção de circulação dirigida, está sendo disputado a tapa por todos que amam nossa MPB.
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