A morte de Célia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de junho de 1985
Uma triste notícia, neste início de semana: a morte, no Rio de Janeiro, de Célia Neves Lazarotto, esposa do artista plástico Poty. Mineira de Belo Horizonte, de família das mais tradicionais e lembrada inclusive nas memórias de Pedro Nava, Célia era intelectual do maior prestígio no Rio, onde residia há mais de 30 anos. Funcionária aposentada do Ministério da Fazenda, foi, nos anos 50, diretora da Casa do Brasil, em Paris.
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Uma dama inteligente e independente, lúcida, crítica e sempre honesta em suas posições. Companheira de Poty há mais de três décadas, sempre sua grande estimuladora, Célia traduziu dezenas de livros do inglês e francês, inclusive obras de Sigmund Freud.
Contrapondo-se ao temperamento calado e introspectivo de Poty, Célia era expansiva e bem humorada, contando estórias deliciosas que conhecia de escritores, artistas plásticos e políticos que conheceu ao longo da vida. Muito antes de se falar em feminismo, Célia já fazia colocações claras em favor da valorização da mulher, mas lembrando sempre que a independência estava na relação direta do trabalho que cada uma pode oferecer.
Célia, mulher magnífica, grande amiga, madrinha do Francisco Eugênio e minha grande amiga, adeus! Mais uma vez, o espaço da coluna cobre-se de luto, com a notícia da morte de uma pessoa muito querida.
Que deixa este nosso mundo menor e mais triste.
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