Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de janeiro de 1974
Com o seu prestígio nos EUA hoje eclipsado pelo de Eumir Deodato, arranjador de maiores recursos e que tem participado de gravações da maior importância (como o lp "Killing Me Softly" de Roberta Flack, o melhor lp internacional do ano passado), Sérgio Mendes (foto) ensaia um retorno profissional ao Brasil, embora nos EUA desfrute de uma cômoda situação financeira. Ao longo dos últimos seis anos, em que se firmou naquele país, Mendes tem sido muito criticado pelos puristas de nossa música - ao estilo do radical J. Ramos Tinhorão (agora crítico de música popular no "Jornal do Brasil", com a saída do liberal Júlio Hungria) - que não aceitam a "americanização" de nosso ritmo, ao gosto (fácil) do público norte-americano. É verdade que nesta última fase de trabalho, Mendes não se preocupou mais em difundir nossos ritmos, mas, sim, incluindo algumas músicas, em arranjos próprios, ao lado de "hits" internacionais do momento. Uma prova disto está neste "Sérgio Mendes & Brasil 77 In Concert" (A&M Records-Odeon, SAM 2106, novembro 73), gravado ao vivo numa apresentação no Greek Theatre, em Los Angeles. O espetáculo abre com um arranjo quase jazzístico de "Vira Mundo" (Gil-Capinam), prossegue com um tema americano ("Going Out Of My Head") aproveita a popularidade de "Garota de Ipanema" para antecipar o "Carnaval Medley", onde foram reunidos "Jogo de Roda" (Edu-Ruy Guerra), "Canto de Ubiratan" e "After Sunrise" (Sebastião Netão-Oscar C. Neves).
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