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Aramis

Duas estreias: Fernando Mendes e Franko Xavier

É perfeitamente legitima a preocupação das gravadoras em procurarem criar novos ídolos da música popular. Afinal, lutando diariamente na disputa de um mercado cada vez mais competitivo, os grandes produtores fonográficos tem que reforçar seus elencos - e se a contratação de nomes já consagrados exige investimentos altos (há 3 anos, a RCA Victor adiantou Cr$ 200 mil para que Waldick Soriano deixasse a Continental e passasse para o seu elenco), também a consolidação de novos artistas é tarefa demorada e altamente onerosa. Hoje, por exemplo, a Phonogram, prefere concentrar toda sua máquina promocional em torno de um elenco reduzido de interpretes de MPB - altamente promovidos nestes últimos anos - mas que compensam, no volume de vendas, o investimento feito. Já a Odeon, que disputa, em qualidade & vendas o primeiro lugar na MPB com a Phonogram, tem uma política mais aberta, acreditando em novos valores. Assim é que após testar, com sucesso. Fernando Mendes e Franco Xavier, em compactos simples, investiu o necessário para que cada um aparecesse, no final do ano passado, com seus próprios lps. Cabeleira black-power, Fernando Mendes é um cantor romântico, na linha de Altemar Dutra, Agnaldo Timóteo (da própria Odeon), com um pouco de Lindomar Castilho (da RCA) e do incrivel Odair José (da Phonogram). Cantando algumas composições próprias "Ontem, Hoje, Amanhã", "Meu Pequeno Amigo", "Eles Não Querem", "E Agora", ou de seus amigos José Augusto - "Quero Ver Um Rosto Amigo", "Você Morreu Pra Mim", José Wilson-Nino Mendes ("Quando o Sol se Esconder"), e até o clássico "Felicidade" do grande Lupiscinio Rodrigues (1914-1974), Fernando procura agradar aquela parcela de público que tem adoração pelos supra citados Lindomar, Timóteo, Odair e outros elegia Anísio Silva, Nelson Gonçalves, Orlando Dias e outros intérpretes sofredores. Já Franko (com "K") Xavier destina-se a outro gênero. Também com um cabelão black-power, mas brasileiramente tocando um violão conforme aparece na capa de seu lp (SMOFB 3845) demonstra mais gosto pela música brasileira, buscando um repertório de melhor nível e mostrando mesmo algumas composições próprias que começaram a acontecer, como "Linda". Embora seja um razoável compositor, Franko Xavier preferiu dosar neste lp de estréia suas próprias músicas "Nana", "O Chamante", "Antes Pouco Que Nenhum", "Somos Todos Irmãos" e "Tema do Amor Amado", com criações de outros autores - de duplas desconhecidas como Arnoldo Silva/ Nem ("Eu Sou Marinheiro"), J. Canseira /S. Ferreira ("Di Bambuê"), Belizário Diferraz ("Canto Sul"), ou autores isolados - como Aloisio Ventura (Maria, Mariazinha"), está já nas paradas - até nomes consagrados como Gilberto Gil ("Chuva Miúda" e Roberto/Erasmo Carlos") ("Mané João"). De bom gosto, harmonia e uma voz que não compromete, Franko Xavier é um jovem em busca de seu lugar ao sol que merece esta chance que Milton Miranda lhe dá. Pena que, conhecendo o público que compra discos, este seu lp tenha menos chances de venda do que seu colega de gravadora Fernando Mendes. Pois se assim não fosse, Carlinhos Lyra venderia mais do que Agnaldo Thimoteo. Infelizmente, a realidade é outra: à duras penas o admirável Lyra consegue fazer um discreto lp de 2 em 2 anos, enquanto Thimóteo é intimado a gravar dois discos por ano. Com vendas enormes...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
10
08/01/1975

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