No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de maio de 1989
Denise Stocklos volta a ganhar projeção nacional. Descobriu há pouco que tem o registro mais grave da voz humana feminina e de contralto. Seu professor de canto, o barítono Carmo Barbosa, diz que em dez anos dando aulas em São Paulo, Bruxelas e Amsterdã, nunca encontrou uma contralto em sua vida. "Denise é, realmente, uma verdadeira contralto profundo, uma das mais raras vozes entre as categorias vocais".
Denise, paranaense de Irati, maior nome da mímica no Brasil, excelente atriz, internacional desde 1985, vai estrelar a versão de "Medéia", preparada por Fernando Bicudo para a reabertura do Teatro Amazonas, em Manaus, dentro de dois meses.
Só para se ter uma dimensão da importância deste novo talento, que nem a própria Denise sabia: atualmente não existe uma única contralto, em seu registro, no mundo. Conforme pesquisou a jornalista Cleusa Maria, do "Jornal do Brasil", uma das três mais famosas cantoras líricas com esse registro foi Kathleen Ferrier, que morreu na década de 50. Só existem vozes que se aproximam do registro de contralto (como a de Marilyn Horne, que está aposentada).
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A mostra de filmes inéditos franceses que deveria ter acontecido na Biblioteca Pública, na semana passada, foi adiada porque os filmes acabaram retidos na Universidade de Maringá. Agora estão sendo projetados, numa rara chance de se conhecer obras inéditas de cineastas árabes, financiados pelos franceses, como "Le The Au Haram D'Archimede", do argelino Nendi Charef e "Adieu Bonaparte", de Youssef Chamine - já exibidos. Hoje, às 18 horas, será mostrado "Le Cave Se Rabiffé", de Gilles Grangier, 78 anos, com Jean Gabin e o recém falecido Bernard Blier, com o título de "O Rei dos Falsários".
Amanhã, encerrando a mostra, um clássico de René Clair (1898-1981) e que por isto mereceria ao menos duas sessões: "Esta Noite é Minha" (Les Belles de Nuit), 1952, de Gerard Philipe, Martine Carol (1922-1967), e no auge de sua beleza, a italiana Gina Lollobrigida, então com 25 anos.
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Danilo Avelleda, 49 anos, trinta de teatro, vai realizar o seu sonho: escurece o rosto e será "Otelo", na montagem de estréia dentro de cinco semanas no Guaíra, marcando o reaparecimento do Teatro de Comédia do Paraná. Enquanto os ensaios não começam, Danilo continuará a apresentar às 18h30, de sexta-feira a domingo, no mini-auditório Glauco Flores de Sá Brito, a comédia "Com a Boca na Botija", no qual está lançando uma nova atriz: Marina Machado.
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Falando em "Otelo", eis que a Brasiliense relança em edição popular (120 páginas, NCz$ 5,94), outra tragédia de William Shakespeare, que ao menos em texto deve ser conhecida: "Macbeth". A tradução é antiga: foi feita pelo poeta Manuel Bandeira.
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Falando em livros, a mesma Brasiliense faz outro lançamento na área de arte: "A Música como Linguagem: uma Abordagem Histórica", de Ernest F. Schueman (Ncz$ 7,92, 192 páginas).
LEGENDA FOTO - Marina Machado, uma estreante em "Com a Boca na Botija".
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