No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de julho de 1988
Verinha Walflor caminha para se tornar uma das grandes produtoras de espetáculos do Sul. Competente, honesta e organizadíssima, a grife de seu nome passa a identificar espetáculos que chegam a públicos específicos e a fazem ter convites para organizar temporadas nacionais de grandes nomes do teatro e da música. Suas últimas duas produções locais - o grupo de rock Legião Urbana no ginásio do Tarumã (9 mil espectadores) e os Meninos Cantores de Viena (lotação completa no Guaíra) provam sua mobilidade, que se repete agora com as duas apresentações de Maria Bethânia (hoje e amanhã, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto).
O preço dos ingressos (Cz$ 3.500,00; Cz$ 2.500,00, no 2º balcão) não assustou os fãs da cantora, de forma que a preocupação de Verinha é agora evitar a ação dos cambistas - que ontem chegavam a elevar para Cz$ 5 mil o preço da entrada.
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Uma das razões que faz com que Maria Bethânia tenha um público tão entusiasmado é o fato de saber espaçar suas apresentações, evitando cair num esquema desgastante que leva tantos superstars a um precoce esgotamento público. Assim como seus discos estão sendo separados por 12 a 15 meses ("Maria", RCA, saiu há 60 dias, mas ainda está em fase de maior divulgação, "Domingos", lançado em dezembro/86, só começou a ter promoção no final do primeiro trimestre do ano passado) também seus shows são demoradamente preparados, com gente da maior competência - neste caso, direção de Bibi Ferreira , e um repertório formado por 30 canções. Esta produção, em escala nacional, foi montada pelo ministro Alessandor Queiroga, que, no Paraná, conhecendo a competência de Verinha lhe entregou a realização local.
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Apesar das centenas de melancólicas últimas sessões de cinema que tem reduzido cada vez mais o mercado exibidor, há ainda quem se dispõe a investir na usina de sonhos. Assim, em Cerro Azul, no último sábado, 16, o casal Aderbal e Irene Sartori, inauguraram o cine Cerro Azul, com 220 lugares, poltronas estofadas, cabine Simplex. Abrindo com "A Guerrilheira de Indiana Jones" (será que não foi possível conseguir um filme de melhor qualidade?), o novo cinema também funcionará com economia e familiar equipe: Aderbal na direção, Irene na bilheteria e a filha, Gisele, num trabalho que até agora era exclusivamente machista: operando os projetores.
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Há uma semana, no domingo, 10, a Associação dos Funcionários da Petrosix, em São Mateus do Sul, inaugurou sua sala de projeção, com 200 lugares. Começou exibindo "Crocodilo Dundee" à tarde, e à noite, "Platoon" - e a instalação da sala deve-se ao entusiasmo do presidente da Associação, o paraibano Waldomiro Jiro Torii, pelo cinema.
Tanto os cines de Cerro Azul como de São Mateus do Sul foram instalados pelo único especialista da área no Paraná, o competente Zito Alves.
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E como hoje falamos em cinema, mais um registro: na semana passada, o fotógrafo Pedro Farkas, o diretor de arte Felipe Crescini e a figurinista Leda Cenise, já contatados para a produção de "O Drama da Fazenda Fortaleza", estiveram na Lapa, examinando as locações em que Berenice Mendes vai rodar o filme baseado no livro de David Carneiro. Enquanto a liberação de recursos - tanto da Embrafilme, como do financiamento via Banestado - continua a ser o grande "drama", as produtoras Lu Rufalco e Fernanda Morini estão impressionadas com a colaboração que vêm recebendo de vários setores - públicos e privados, entusiasmados com a realização do filme. Especialmente na Lapa, a comunidade se mostrou com a maior receptividade e, em termos de infra-estrutura local, a equipe, pelo visto, não terá maiores dificuldades.
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