O amargo Bierce, um jornalista rebelde
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de setembro de 1989
A morte de Ambrose Gwinnett Bierce no final de "Gringo Velho", assassinado, pelas costas, pelo general Arroyo - em sua crise de loucura e poder - foi uma liberdade literária que Carlos Fuentes tomou em seu livro. Isto porque até hoje não se sabe qual foi o verdadeiro fim de Bierce, que em sua última carta, escrita às vésperas do Natal de 1914, dizia estar a caminho de um encontro com as tropas de Villa.
Americano de Meigs Country, Ohio, nascido em 24 de junho de 1842, teve uma vida intensa. Deixou a escola ainda cedo em 1861, já estava alistado como voluntário da infantaria, em Indiana, na Guerra Civil, participando de batalhas em Siloh, Corinth e Dhickmaunga, entre outras. Cinco anos depois deixava o Exército e iniciava sua carreira como jornalista em San Francisco, colaborando em jornais como "News Letter" e "Argonaut".
Em 1872, viajava para a Europa, passando três anos em Londres e Paris, onde escreveu para os jornais "Fun", "Figaro" e "Lantern", além de ter reunido material para livros que publicaria posteriormente: "The Fiendges Delight", 1872; "Nuggets and Dust'Parned Out in California", 1872 e "Colwebs from an Empty Skul", 1874.
Conhecido como "Bitter Bierce" (o amargo Bierce), era um apaixonado por parapsicologia e o sobrenatural - no que teve influência de Edgard Alan Poe (1809-1849) e, em compensação, influenciando escritores como O. Henry (William Sydney Porter, 1862-1910) e Stephen Crane (1871-1900) - o que dá uma dimensão de sua importância literária.
A partir de 1887 passou a trabalhar no "Sunday Examiner", um dos jornais de William Randolph Hears (1863-1951), passando mais tarde (1906) a correspondente de outros jornais da cadeia do "Cidadão Kane" em Washington. Sua obra espalhou-se por livros diversos - entre os quais uma "Cinic's Word Book", que, mais tarde, recebeu o título de "The Devil's Dictionary", considerado uma "enciclopédia de cinismo e venenos verbais".
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