O melhor som prossegue dia 12 com Tulio Mourão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de abril de 1989
Graças ao entusiasmo e ao trabalho de dois jovens - Gilmarina Samways, da Movimento Sonoro e Júlio Urban da Idealiza -, o Sesc está fazendo voltar os bons tempos do Projeto Pixinguinha, que Hermínio Bello de Carvalho, há 12 anos passados, levou por todo o Brasil para divulgar a nossa melhor MPB. Mais modesto, de acordo com os tempos cabeludos que enfrentamos, o Projeto Esquina, deslanchado em março e que deve prosseguir até o final do ano, alterna música erudita e popular, mas tem no horário das 18h30 e no público-alvo - os jovens -, a identificação com o projeto Pixinguinha, hoje desativado. Também ao invés de cinco dias é apenas um espetáculo - o que é lamentável, mas obriga os interessados a se concentrarem.
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Na quarta-feira, 5, por 110 minutos, houve uma das melhores mostras de música instrumental: Mauro Senise (sax-flauta) e seu colega de Cama de Gato, o criativo Pascoal Meireles na bateria, mais Luís Alves - um dos melhores baixos acústicos do Brasil e o jovem tecladista Marinho Boffa apresentaram um exemplo de música brasileira, instrumental, inédita, que sem se prender a rótulos (classificá-la de jazz seria vesti-la numa camisa de força) mostra o quanto pode a capacidade de músicos de uma nova geração. Aos 39 anos, 20 de estrada, Mauro Senise - que tem no nome também Alceu de Amoroso Lima (neste sábado, no Rio, vai gravar a trilha sonora para um documentário sobre o seu avô, falecido em 15/8/83), é hoje um de nossos mais completos saxofonistas. Sem preocupação em compor, procura ser o intérprete, num trabalho que não fica apenas no quarteto Cama de Gato (formado em 1983, mas que até hoje nunca se apresentou em Curitiba) mas se espraia com o seu próprio conjunto (no qual, habitualmente participam o tecladista Ugo Fatorusso e o baterista Robertinho Silva) e, no campo da música erudita, num trio formado com o cellista David Chew e a cravista Rosana Lanzelotti.
No ano passado, Mauro fez seu primeiro lp solo (Visom) e acaba de gravar um segundo álbum, exclusivamente com temas inéditos - alguns dos quais mostrou na apresentação de quarta-feira no Sesc da Esquina: "A Festa" (Marinho Bonffa), "Feria de Tristan Narvaja" (Hugo Fatt Orusso), "Jade" (de Luiz Alves - e que dará título ao disco), "Esperança" (Luiz Alves/Luizão Paiva), "Sergipe" (Luiz Alves), "Era Só Começo Nosso Fim" (Yuri Poppof), "Alegria de Viver" (Luiz Eça), "O Que Será Que Serei" (Nelson Angelo) e "CS", homenagem do pianista Jota Moraes ao baixista Claudio Stevenson, falecido há poucos meses.
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Depois do quarteto de Mauro Senise, o Projeto Esquina prosseguirá com outro excelente instrumentista da nova geração: Tulio Mourão (Divinópolis, MG, 18/1/1952), uma sólida carreira e que já desponta em trabalhos solos (com a belíssima trilha sonora de "Jorge, Um Brasileiro", edição Eldorado), após ter acompanhado Milton Nascimento, seu velho amigo, na recente temporada, volta a Curitiba, ao lado de Robertinho Silva (bateria), João Batista (baixo) e Zé Nogueira (sax). Um programa de temas próprios, que, a exemplo do que fez Mauro Senise, mostrará toda a força de uma geração de instrumentistas que busca caminhos internacionais sem esquecer das raízes brasileiras. Dia 12, quarta-feira, às 18h30.
LEGENDA FOTO - Tulio Mourão, compositor da trilha de "Jorge, um brasileiro" e excelente tecladista: apresenta-se quarta-feira, 1h30, no Sesc da Esquina.
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