O samba universitário
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de maio de 1976
Ignorada e desprezada pela dita "inteligenza"por muitos anos, relegada a um abandono em termos de estudos e pesquisas de maior profundidade - e conservada apenas pelas manifestações populares e o trabalho de alguns idealistas - a Música Popular Brasileira, começa hoje a merecer maiores atenções em termos de sua memória e sociologia. Miguel Angelo de Azevedo, do Museu Cearense da Comunicação, de Fortaleza, coordena atualmente uma grnade pesquisa sobre a discografia brasileira, a partir do primeiro suplemento de 78 rpm, lançado em 1902 por Fred Figner, através da Casa Edison, com discos fabricados na Alemanha pela Internacional Zonophone Co. Este levantamento discográfico, desenvolvido em várias etapas, abrangerá todas as etiquetas e gravadoras, chegando até o advento do LP e compacto - frágeis mas importantíssimos na documentação da evolução da MPB.
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Em Brasília, A Universidade Federal, estrutura a criação de um curso de pós-graduação em Música Popular, para o que já realizou dois seminários de alcance nacional. Em Londrina, dando exemplo, Cleto de Assis planeja a incorporação de um Regional às atividades da Coordenadoria de Extensão Cultural, ao mesmo tempo que dará mais atenção a palestras, cursos e seminários sobre diferentes aspectos da música e cultura popular, inclusive com a possibilidade de patrocinar o I Encontro Naciona do Choro.
Em São Paulo, o professor Manoel Tosta Berlink, diretor do Instituto de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade de Campinas, está trabalhando em tese de Doutoramento sobre a Música Popular Brasileira a partir de 1930. Sociólogo, já com vários títulos, Berlink voltou-se a esta interessantíssima pesquisa, num trabalho destinado a ter a maior repercussão - por tratar-se de um dos primeiros estudos, em nível universitário, abrangendo várias décadas da canção brasileira.
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São manifestações importantes, aos quais muitas outras - de maior ou menor envergadura, vão se acrescentando. Como a feliz idéia de um grupo de calouros da Escola de Música e Belas Artes do Paraná que, amanhã à noite, reúne estudiosos e pesquisadores locais de nossa MPB, entre os quais o professor Alceu Schwab, os radialistas João Lydio Seiller Bettega e o colecionador Luciano Lacerda, para um encontro informal discutindo a MPB.
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E por falar em música, hoje, às 21 horas, no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, o único concerto do pianista Arthur Moreira Lima. Considerado o melhor executante da obra de Chopin desde Rubinstein, Moreira Lima é um brasileiro que também ama o futebol, a caipirinha e, principalmente, Ernesto Nazareth. De cuja obra já gravou um álbum-duplo no ano passado e a quem dedicará a segunda parte de seu programa. Com ingressos a apenas Cr$ 15,00.
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