Ora, direis, verás as estrala na cidade!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de agosto de 1984
O interesse que a presença da atriz Catherine Deneuve desperta, junto ao público, especialmente fora do eixo-Rio-São Paulo (mais acostumado às visitas de celebridades), é justificável, em Curitiba. Afinal, há muitos anos que estrelas internacionais do cinema não passam pela cidade. E mesmo do cinema brasileiro, são poucos os nomes famosos que por aqui têm circulado. Quando muito, alguns diretores e produtores, preocupados em obter maior divulgação de seus filmes.
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Catherine Deneuve, sem dúvida a mais bonita atriz do cinema francês, nessa tournée brasileira, garante um maior espaço promocional para linha de jóias criada pela atriz de "A Bela da Tarde". Catherine chega a Curitiba hoje à tarde, seguindo-se uma entrevista coletiva no hotel Mabu, onde fica hospedada. À noite, no Graciosa Country Club, a recepção, com queijos e vinhos nacionais, e exposição e desfile das jóias criadas pela atriz. No programa original, a passagem de Catherine pela Capital paranaense seria mais rápida, de apenas algumas horas, mas pelo visto, ela apreciou as fotos da cidade, preferindo permanecer aqui uma noite, para essa recepção com um grupo de convidados e jornalistas.
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Uma pesquisa interessante daquelas idéias destinadas a estudantes de sociologia e comunicação, em busca de temas originais (sic) para dissertação, seria a de analisar as diferentes reações dos Curitibanos, ante às visitas de celebridades que por aqui têm passado. Afinal, desde a visita de D. Pedro II, até Catherine Deneuve, algumas centenas de personalidades da vida política, econômica e, também, artística aqui estiveram. Há 15 ou 20 anos, uma visita - mesmo que rápida - de uma personalidade mais badalada, provoca, obviamente, muito maior interesse popular. Hoje, com a instantaneidade da televisão, a mudança do comportamento e mesmo certa desmitificação do star system, em termos de opinião pública há que ser um nome bastante forte, como é o de Catherine Deneuve, para a visita merecer maior atenção. Há quarenta anos passado, quando o então jovem e famoso Henry Fonda passou pelo Brasil e veio até Curitiba, a cidade (então com menos de 100 mil habitantes) praticamente parou. A visita de Henry ao Clube Curitibano, que o recebeu com um baile, foi um acontecimento comentado durante meses. Anos depois, já na década de 50, outro ator norte-americano, Walter Pigdeon, da Metro Goldwyn Meyer, estendeu sua viagem até o Paraná, supostamente interessado em adquirir terras no Norte do Estado. Quando chegou ao Aeroporto Afonso Pena, nem ainda havia pisado em terra, quando um repórter radiofônico lhe perguntou: - Mr. Pigdeon, o que o senhor acha de Curitiba?
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Nos anos 60, a revoada de estrelas nos céus paranaenses foi um pouco maior. Sem falar no setor musical, em termos cinematográficos a festa "Tribunascope de Ouro", idealizada, a partir de 1961, pelo então cronista de cinema da "Tribuna do Paraná", Júlio Kogut Neto (hoje assessor do deputado Ítalo Conti), mereceu o prestigiamento do já então todo-poderoso representante da Motion Pictures, Harry Stone, que garantiu a presença de nomes famosos, em algumas edições da festa, que começou nos palcos do Cine Ópera, e que, com a inauguração, há 21 anos, do Vitória, se transferiu para o cinema da Rua Barão do Rio Branco. Ali, em 13 de abril de 1964, estiveram três nomes famosos: Karl Maldein, Janet Leight e Tony Perkins, que havia participado do festival de cinema de Mar Del Plata, na Argentina (então o mais prestigiado evento cinematográfico da América do Sul). De carona, alguns brasileiros, entre os quais Jece Valadão, Vanja Orico e Irma Álvarez.
No ano seguinte, a 24 de Junho, na última das festas dos Tribunascope, da participação internacional se deu através de três jovens, nos quais Hollywood apostava, mas que acabaram desaparecendo das telas: Nancy Kovacs, que havia feito uma ponta em "O Novo Mandamento", de Richard Quine; o atlético Troy Donahue, que, alto e loiro, demolia juvenis corações, por sua atuação em "O Candelabro Italiano" (maldosamente chamado de "O Descalabro Italiano" pelo então ácido crítico Francisco Bettega Neto); e o grego Statis Ghihanellis, que outro grego, Elia Kazan, havia lançado no papel principal do autobiográfico filme "Terra do Sonho Distante" (América, América, 1960). No lado esquerdo do jardim do Cine Vitória, as marcas das mãos desses artistas registradas em cimento, no melhor estilo do Chinese Theatre, existe ao tempo e lembram aquela época.
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Jacarezinho também recebeu ao menos dois artistas internacionais: a ruiva Rhonda Fleming e o italiano Rossano Brazzi. Só que eles lá estiveram fazendo algumas seqüências de um filme chamado "Pão de Açúcar", que, mesmo com o apelo de cenas rodadas no Brasil, constituiu-se num dos mais absolutos fracassos dos anos 60. Aliás, o infatigável agitador cultural Heitor Valente, organizando, atualmente, a etapa de Jacarezinho, no Projeto Cultural Gralha Azul, está tentando conseguir uma cópia de Pão de Açúcar", tarefa bastante difícil, já que foi uma produção americana, sem repercussão maior, e cujas cópias não mereceram a honra de interessar aos caçadores de filmes perdidos, como Cosme Alves, da Cimateca do MAM; Francisco Alves dos Santos, da Cimateca do Museu Guido Viaro, ou do independente Estevão Rainer Von Harbach, de todos os mais apaixonado pelo cinema americano.
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Roger Moore, na pele de 007, esteve, mais recentemente (7 anos passados), em Foz do Iguaçu, para algumas seqüências do "Moonraker - O Foguete da Morte". Foz do Iguaçu já tem uma filmografia a ser levantada, desde que o pioneiro Aníbal Requião, deslumbrado por sua beleza, filmo-a pela primeira vez no início de século, num material que inclusive interessou ao então jovem e iniciante produtor Walt Disney.
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