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Aramis

Os clicks de Jack

Ontem, ao entardecer, o fotografo Jack Pires viveu momentos felizes: em plena Rua das Flores, rodeado de amigos, autografou dezenas de exemplares de seu livro "40 Cliks de Curitiba" (Edições Etecetera), com poemas do concretista Paulo Leminski. Aos 56 anos, mais de 30 de fotografia, um curriculum que destaca passagens por grandes jornais e revistas ("O Estado de São Paulo", Abril, Visão, etc.), Jack Pires é um profissional que sabe obter, com sua câmara, imagens repletas de ternura vida ou contrastes. Seus amigos, que são muitos, o chamam de "Cartier Bresson" e a comparação com o mestre das imagens não é exagerada: como Bresson, Pires sabe valorizar cada cena que perpetua em filme, escolhendo o ângulo certo, a iluminação perfeita. xxx Há 4 anos, Jack Pires fez sua primeira mostra em Curitiba. Imagens de uma Curitiba que ele soube descobrir, nas ruas, nas praças, nos rostos anônimos de sua população - com cenas belíssimas em preto-branco. Jack tem fotografado muito. Para publicidade, para jornalismo, como exercício. E, generosamente, tem dividido seus conhecimentos, formando novos profissionais, revelando os segredos desta profissão que é arte também. Ainda recentemente Jack fez uma coleção de grandes reproduções com fotos dos artistas que se apresentavam no Teatro do Paiol, quando aquela casa tinha uma programação artística atraente. Pelo menos nas imagens de jack Pires, uma época de intensas atividades foi preservada xxx Jack serviu na Força Expedicionária Brasileira, em 1944 e sua experiência no "front" o fez ainda mais generoso e compreensivo, vendo no perigo e na morte absurda, a inutilidade dos conflitos humanos. E Jack, desde que voltou ao Brasil, em 1945, passou a viver exclusivamente de sua arte fotográfica. xxx Contratado há 3 anos da Fundação Cultural de Curitiba, Jack acumulava várias funções: fotógrafo, laboratorista, professor de arte fotográfica, tendo orientado vários cursos no distante Centro de Criatividade. Recentemente, todos os funcionários da instituição receberam aumentos salariais que chegaram, em alguns casos, até a 70%. Para Jack Pires, houve um aumento simbólico de 3%. Recorreu, então a Delegacia Regional do Trabalho. Quarta-feira a tarde, foi demitido, sem qualquer explicação. Além das providências legais, Jack já mereceu apoio da Legião dos Expedicionários e a injusta demissão vai ser denunciada na Câmara Municipal, por vereadores do MDB.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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11/02/1977
Adorei o texto sobre o Jack Pires, vcs encontraram algo mais sobre ele?

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