Os diários de Anais e as loucuras de Miller
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de abril de 1991
A obra de Henry Miller, editada no Brasil a partir de 1962 pode ser relativamente fácil de encontrar. Os filmes de vanguarda que Ian Hugo realizou até hoje nunca chegaram ao Brasil e June, quem diria, acabou como assistente social no Brooklyn, na mesma Nova Iorque em que nasceu!
A história deste quarteto sexual só foi conhecida em 1985, quando a Harvest lançou "Henry e June" nos EUA (que a Record aqui editou dois anos depois). Anais havia determinado que o livro só saísse quando os quatro personagens já tivessem falecido - e Hugo foi o que viveu mais. Anais Nin, nascida em Paris em 1903 - e que viveu depois dos anos 40 nos EUA, morreu em 1977. Na época em que conheceu June e Henry, estava preparando seu primeiro livro, "D. H. Lawrence: an Unprofessional Study", sobre o autor de "O Amante de Lady Chaterlly", na primeira avaliação deste autor feita por uma mulher, num momento em que, por hipocrisia, Lawrence (1885-1930) era violentamente atacado. Anais escreveu poesia, ensaios, contos e romances, sendo publicada em mais de 20 países. Especialmente seus "Diários" ficaram famosos. Agora, ao inaugurar a editora feminina Rosa dos Tempos, suas publishers (Rosa Maria Murtinho e Rute Escobar) incluíram no primeiro pacote "A Casa do Incesto e Outras Histórias" (tradução de Angela Melin, 176 páginas). Um livro em que Anais envereda por labirintos e abismos bem delineados e, através de uma linguagem de sonhos e símbolos, vai em busca da alma feminina, tem textos de tons fortes, em que o comportamento e a psique femininos são um enigma a ser desvendado. Assim, após a visão, "Henry e June", adquire uma maior possibilidade de entendimento, para sentir-se esta mulher decidida em que explicando sua obsessão em fazer quase 35 mil páginas manuscritas em seus "Diários".
Enviar novo comentário