Os donos da violência
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de janeiro de 1985
Entre ( Sementes da Violência Blackboard Jungle, de Richard Brooks) a este "Os Donos do Amanhã" (Cine Rui Barbosa, em programa duplo com um filme pornô) transcorreram 30 anos. E nestas três décadas, dezenas de cineastas se voltaram à mesma temática: os conflitos entre alunos e professores em escolas secundárias.
Se "Blackboard Jungle" ficou na história por Ter catipultuado o "Rock Around The Clock" com Bill Halley and his Comets (oficialmente, a detonagem oficial do rock'n'roll), este "Class of 1984" passa despercebido no Brasil – apesar de ser um filme de méritos.
Proibido pela censura e em exibição por força de uma liminar, "Os Donos do Amanhã", é uma surpresa em sua direção: Mark Lester, também roteirista (com John Saxton e Tom Holland, este autor do argumento original) não seria aquele garoto que há 17 anos o inglês Sir Carol Reed escolheu para o musical "Olivier"- e que em 1969 inaugurou o então luxuoso cine Scala?
Algumas informações sobre Lester: um documentário sobre tribos mexicanas ( que foi premiado em Veneza) e uma sátira anti-Nixon ("Trici's Wedding", com alguma repercussão). Não importa o curriculum. O válido é que "Class of 1984", mesmo calçado num argumento bastante explorado, traz uma força vital ao examinar um tema baseado em fatos reais. Na apresentação letreiros advertem o espectador de que anualmente, nos colégios americanos, são registrados cerca de 300 mil casos de agressões físicas contra alunos e professores anualmente.
Contando a história de um professor de música (Perry King) que chegando na Lincoln High School, de Los Angeles, enfrenta uma verdadeira gangue de marginais, sob o comando de um aluno neurótico (Timothy Van Patten), que age com trágico de drogas, o filme tem um clima extremamente violento. Em muitos momentos chega a nos lembrar outro (esplêndido) filme que abordou tema semelhante – "O Inimigo da Classe" (infelizmente, exibido um único dia, no Cine Groff, em festival do cinema alemão). Há um clima de tensão e suspense, que mesmo com um excesso de maniqueismo, faz com que o espectador assista com atenção este surpreendente filme (em exibição somente hoje, e amanhã no Cine Rui Barbosa). Excelente a trilha sonora de Lalo Schifrin, com uma bela música-tema.
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