Para conhecer o novo cinema alemão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de maio de 1980
Restrito durante alguns anos apenas ao circuito de salas especiais, via Goethe Institut, agora o novo cinema alemão está chegando aos cinemas comerciais. Após o lírico mas denso << Coração de Cristal >> (75), o Cinema 1 exibe até domingo outro filme de Werner Herzog: << Stroszek >>, que obteve prêmios em festivais de Taormina e Berlim, há 2 anos passados. Na próxima segunda-feira, o mesmo cinema lança << Aguirre, a Cólera de Deuses >>, de 72, o mais conhecido dos filmes de Herzog, tanto foi projetado em 16mm. Werner Herzog define << Stroszek> como uma << balada >>, uma forma que presumivelmente existe mais do que a suspensão do descrédito usual. Diz o press-book da eurobrás, que vem distribuindo os filmes dos novos cineastas alemães, que << pode-se dizer que Herzog é um único diretor do mundo capaz de ter realizado << Stroszek >>. Pode-se também dizer que Herzog é o único diretor do mundo que prossegue com ele.
<< Stroszek >> foi rodado quase totalmente sem atores profissionais - com exceção de Eva Mattes - e aborda novamente o tema que Herzog já havia tratado em << O Enigma de Kasper Hauser >> (por sinal, também com Bruno S. no elenco): o mundo dos homens sem lar.
Dois dos protagonistas descedem daquele filme bem sucedido: Bruno S. que só sabe fazer os papéis de sua própria vida (e sempre se tem a impressão que Herzog se aproveita disso) e Clemens Scheitz. Um filme difícil, inquietante - mas que deve ser visto.
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