Paraná segundo Bardi
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de junho de 1977
Apesar de ter recebido insistentes convites para vir a Curitiba fazer palestras ou simplesmente visitar nossa cidade, o professor Pietro Maria Bard, polêmico diretor do museu de Arte de São Paulo "Assis Chateaubriand", sempre tem recusado. Absorvido em múltiplas funções - que incluem periódicas viagens à Itália, Berdi nunca quis fazer os 400 km que separam São Paulo de Curitiba. O que é uma pena, pois além de ter, por certo, muito para nos ensinar, poderia também tomar conhecimento do movimento plástico aqui existente - modesto mas bem intencionado. Desconhecendo o que aqui se passa - a não tendo solicitado informações a simpática Margarita Elisabeth Pericás Sasone, ativa representante local da Carta Editorial, o professor Bardi foi muito superficial no registro sobre o Paraná no "Panorama Nacional", que ocupa magras 32 linhas de uma coluna espremida entre dois anúncios na página 36 do luxuoso numero um de "Arte/Vogue" (158 páginas, junho/77, Cr$ 60,00).
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Experiência das mais válidas a suprir o mercado editorial brasileiro de uma revista de arte de alto nível, "Arte/Vogue" deverá circular, de principio, duas vezes por ano, alternando-se as outras edições especiais da sofisticada publicação ("Vohue/Mulher", "Vogue/Casa", "Vogue/Homem", "Vogue Moda" etc.). Com o forte esquema empresarial do grupo Carta Editorial a "Vogue Arte" deverá ter vida mais longa do do que as bem intencionadas, mas sempre frustadas em termos de regularidade, experiências de revistas de arte no Brasil, que já somaram mais de uma dezena.
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No registro feito sobre o nosso Estado, Pietro Maria Bardi limita-se, com sinceridade a reconhecer que "quando nos ocorre faltar no Paraná o primeiro nome que pensamos é o de Newton Carneiro, não só por ser ele o colecionador mais conhecido nacionalmente, como por ser ainda o scholar da história do seu Estado, com incursões na nacional". Em seguida, Bardi refere-se a monografia sobre Rugendas que o professor Carneiro está preparando e, no final da lacônica nota, o diretor da MASP afirma: "Entre as não muitas numerosas exposições em Curitiba, gostamos da que revelou a implantação ferroviária no Paraná. Exaustiva documentação do primeiro trecho ferro-carril Paranaguá - Curitiba, iniciando em 1880. Eis uma ocasião para colecionadores".
Além da injustiça em falar "não muito numerosas exposições". Bardi menciona uma mostra promovida já há muito tempo. Assim considerando a importância que "Vogue/Arte" tem, esperamos que para o segundo número - a circular dentro de 4 meses - a simpática Margarida Sansone envie um relato capaz de mostrar aos leitores da sofisticada e interessante publicação, de que nossas artes plásticas já possuem um leque bem mais amplo - e com eventos e nomes que merecem uma projeção nacional.
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