Podem ser bregas, mas garantem sobrevivência
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de março de 1991
Pela sua própria característica de ser uma fábrica formada por capital nacional e, desde 1943 - quando separou-se da antiga Columbia - ter sido obrigada a confiar antes de tudo em seu elenco verde-amarelo, a Continental possui um acervo dos mais brasileiros. Sem preconceitos de gêneros e esteticismos artísticos - ao contrário, buscando os mais diferentes gêneros e artistas - os adjetivos de "brega", "caipira", "comercial", etc. - nunca contaram na produção desta gravadora que hoje tem um grande catálogo. De um lado, reedições de antigas matrizes - estas, infelizmente, nem sempre com o cuidado informativo que marcou algumas séries supervisionadas por João Luiz Ferreti no início dos anos 70 - enquanto fonogramas avulsos, cedidos a produtores autônomos como Leon Barg ("Revivendo"), Costa Manso ("Collector's"), Chico da Mota Discos e Paulo ("Evocação") tem também proporcionado o aproveitamento de seus tesouros.
Esther Rocha, uma das mais eficientes executivas na área de comunicação, retornou há algum tempo à empresa - que ao menos regionalmente, na área da imprensa, estava desativada em termos promocionais para garantir um melhor aproveitamento dos inúmeros contratados da gravadora.
Ao longo de sua história, a Continental tem encontrado artistas que, explodindo nas paradas compensam inúmeras produções frustrantes financeiramente.
Amado Batista, por exemplo, foi, durante anos, um dos campeões de vendas. Hoje, é o paraense Beto Barbosa, com a lambada que garante um expressivo faturamento - inclusive com exportação de seus discos (há pouco saiu seu quarto elepê). Roberta Miranda, uma compositora-intérprete que ganhou o marketing de "Favorita dos Caminhoneiros", é outra das cantoras que está entre as que mais vendem discos atualmente (em apenas 4 anos de carreira fonográfica, já colocou 3 milhões de cópias) e com a experiência de 10 anos de crooner hoje é ouvida nacionalmente em sucessos como "Meus Pedaços", "De Igual para Igual" e "Sua Majestade, o Sabiá".
Outra cantora que poderá chegar também a popularidade de Roberta é Edna Centurion. Com a boa formação - estudou no Conservatório Bella Bartok, teve aulas de dança com Lennie Dalle e escolheu músicas de intérpretes extremamente populares (Carlos Colla, Chico Roque, Cear Rossini, Thomas Roth, Mauro Motta, etc.), para discos como "Refletir", que a colocou nas paradas.
Quem não tem Julio Iglesias, caça com Manolo Otero - romântico cantor que hoje está radicado no Brasil e que com seu tipo de galã também vem fazendo muito sucesso. Em seu 17º elepê, com exceção de "Moça" (Wando), incluiu apenas músicas inéditas.
Gente nova, boa pinta, também é apresentada: Marcos André, 21 anos, que estréia com o elepê "Olhares e Segredos", ganhou uma promoção especial: uma de suas oito composições inéditas deste disco foi incluída na trilha da telenovela "Meu Bem, Meu Mal". Paraense como Beto Barbosa, procura o estilo romântico e há cinco anos reside no Rio - trabalhando como compositor ao lado de Orlando Morais (uma das revelações de 1990), Wilson Chaves (que acaba de fazer um belo elepê independente, "Amazônia"), e Juca Filho, entre outros.
LEGENDA FOTO 1 - Beto Barbosa: o homem da lambada.
LEGENDA FOTO 2 - Edna Centurion: buscando o sucesso.
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