Roberval, café e o mestrado em educação
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de dezembro de 1988
Dentro de algumas semanas a Organização Internacional do Café, com sede em Londres e que tem o paranaense Alexandre Beltrão como poderoso secretário-executivo há mais de 15 anos, estará lançando um trabalho inédito no campo educacional. Trata-se de um projeto destinado a aproximar crianças de vários países através da leitura de livros sobre o quotidiano da família de cada um, naturalmente entre países produtores (e consumidores) de café - e tendo em torno deste produto sua motivação.
xxx
Chamado oficialmente de The Open Class Room Coffee Project, coordenado pelo professor Robert Pearce, o mesmo vem sendo desenvolvido há quase dois anos por três professores - Diana Jackson, Maria Figueiredo Lowen e Roberval Eloy Pereira. Neste primeiro projeto-teste - e de cujos resultados serão desenvolvidos inúmeros outros, abordou uma família de Londrina e outra de Heathrow, próximo a Londres. Com ilustrações, editado em inglês, o volume já está impresso e a sua utilização em salas de aula obedecerá critérios especiais.
xxx
Roberval Eloy Pereira, 47 anos, baiano de Cachoeira, mas desde 1945 residindo em Curitiba, formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná há 26 anos, e professor da cadeira de Estatística, encontra-se há dois anos em Londres, fazendo sua tese sobre Educação Rural junto ao Institute of Education da London University. Depois de ter obtido o Mestrado em Educação pela San Diego State University, em 1971, Roberval desenvolveu junto a Fundepar - da qual foi funcionário desde a sua criação, só afastando-se devido a injusta perseguição sofrida no ínicio do infeliz governo José Richa - um projeto de implantação de escolas consolidadas. Num exemplo de valorização de professores e elevando o nível do ensino - com base na experiência que, no ínicio do século, foi desenvolvida nos Estados Unidos, Roberval supervisionou a implantação de 36 escolas consolidadas em vários municípios, projeto tão bem sucedido que o BID o financiou integralmente - e tomou-o como exemplo para outros países.
Esta bem sucedida experiência na área educacional - e cujos resultados têm impressionado técnicos de organismos internacionais, poderá ser retomada e ampliada graças à sensibilidade do sercretário Belmiro Valverde Jobim de Castor, da Educação - que, ao contrário de seus antecessores nos governos José Richa/João Elísio, entendeu a importância do projeto.
Para Roberval, injustamente afastado da Fundepar (assim como outros técnicos, perseguidos por razões poíticas assim que José Richa assumiu o governo, em 1983), a experiência foi valiosa: lhe proporcionou material para sua tese de doutorado que, desenvolvida junto ao Departamento de Educação Comparada na London University, lhe dará no próximo ano o PHD em Educação - título que poucos possuem.
Enviar novo comentário