Login do usuário

Aramis

Roberval & Miguelão

Uma faixa do mercado fonográfico brasileiro ainda praticamente inexplorado é a dos discos-documentários de espetáculos que não sejam propriamente musicais. Nos Estados Unidos e, principalmente na Europa, é comum encontrar-se álbuns duplos, triplos e até em caixas, com 5 ou 8 elepes, com registros completos dos maiores espetáculos teatrais. No Brasil, pudesse contar nos dedos as experiências feitas, e entre elas está a gravação de alguns diálogos da montagem " O Avarento" de Moliére, feita em 1969 por Orlando Miranda/ Pedro Veiga, com Procópio Ferreira na frente do elenco, editada pela Forma/ CBD (VDL 1113) e, mais recentemente, da remontagem de " Pluft, O Fantasminha" de Maria Clara Machado, lançada em elepe pela Companhia Industrial de Discos, com capa de Juarez Machado. Também o gênero humorístico não tem uma fonografia extensa no Brasil, embora seja, naturalmente, um gênero de bem mais fácil assimilação. Há 16 anos, a gravação de " Eu Sou o Espetáculo", com o humorista acrense José Vasconcelos atingiu os mais altos pontos de venda, num fenômeno que nem o mesmo humorista, em experiências posteriores, conseguiu repetir. Mas nem por isso outros lançamentos deixaram de serem feitos, como humoristas de algumas popularidade através de programas de rádio/ tv-cinema (Comendador Vitorio & Marista, Zé Fidelis, Zé Trindade, etc.) Nos últimos anos, com a predominância de programas humorísticos na televisão, Chico Anísio levou para o disco também a sua popularidade. Já em maio de 1969, com produção de Nonato Buzar e arranjos de Severino Filho, " Chico Anísio... Inaugura o Humor Dançante" (Philips, R 765.078), mostrava o popular comediante cantando músicas bem humoradas, ele que é também um excelente compositor, autor de músicas conhecidíssimas. Mas o boom de vendas, só viria a partir de 1974, com a gravação de dois elepês na CID, para o qual Anísio levou dois personagens consagrados na televisão, ao lado de seu ex-parceiro Arnaud Rodrigues: " Baiano & Os Novos Caetanos". Hoje, contratado da Sigla/ Som Livre, Chico Anísio garante vendagens altas dos cincos que ali tem gravado, alguns com piadas "adultas"- e portanto com venda em envelopes lacrados, proibidos para a divulgação em rádios, outros mais amenos, liberados a todos, como o " Roberval Taylor" (Sigla, 403.6093, agosto/76), onde utilizando um dos mais populares personagens que criou na televisão, sátira ao disc-jockey, Chico intercala o humor com a participação de alguns intérpretes bastante característicos, cantando justamente suas composições em parcerias com Nonato Buzar: Carlos Alberto em " Tango", Altemar Dutra em " Ya No Quiero", Nelson Gonçalves em " Tristeza Mora Comigo"'," Betinho" em Saudade Jovem, Nunes Ernandez em " Ah! Ah! Ah!" e o próprio Baiano e os Novos Caetanos em " Cobra Criada". Quatro arranjadores competentes colaboraram na gravação das faixas musicais - Waltel Branco, Guto Graça Mello, Marcio Antonucci e José Menezes, este último também responsável pelos arranjos, regência e criatividade musical para a parte do texto. E Chico ainda contou com a presença de três artistas convidados, dando ainda mais "vida" ao disco: Pedro Teixeira dos Santos, Isabel Camargo Lima e Alberico Bruno. Quem não tem Chico Anísio ataca de rádio: a CBS, que faturou já muitos milhões com os elepes na base do humor meio grosseiro de Jacinto, o Donzelo, está lançando agora outro humorista vindo do rádio: Miguelão ("Só... Rindo e Cantando", CBS 104345, agosto/76). Veterano radialista, Miguel Angelo criou há 30 anos a dupla " Ouro e Prata", ao lado de Oswaldo Cruz e que gravou alguns sucessos: " Adeus Marapê", "Ô ô ô Diacho", " Xate do Tintureiro", " Da Banda de Lá", recebendo inclusive alguns trofeus (("Gabus Mendes", " Fraternidade", " Roquete Pinto", " Chico Viola"). A partir de 1962, Miguel Angelo iniciou carreira de cantor romântico ("Quatro Pares", " PrVA DE Amor", " Minha Esperança", " Amor de Minha Vida"). Agora, com o nome de Miguelão, tenta uma nova carreira, utilizando um esquema convencional: sátiras e sotaque e anedotório estrangeiro, entremeada de algumas vinhetas musicais, do que tira partido com sua experiência de ex-cantor. Na primeira audição pode divertir um pouco.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
31
19/09/1976

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br