Romário, idealista animador cultural
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de janeiro de 1990
Há 11 anos, quando assumiu a direção de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra, o engenheiro Luiz Esmanhoto, ex-ator e ex-crítico de teatro (hoje um dos mais bem pagos consultores em informática do país), definiu-se pela peça "O Contestado" para marcar o reaparecimento do Teatro de Comédia do Paraná. Contratou um dos bons diretores que surgiram nos anos 70, Emílio Di Biase, reuniu um grupo de intérpretes seguros e a monatagem da peça que fala sobre a questão do Contestado, entre Paraná e Santa Catarina, foi um sucesso de público e crítica. Seu autor, Romário Borelli, catarinense de Porto União, 45 anos, vivia em São Paulo desde 1965, mas tinha ligações profundas com Curitiba: aqui estudou no Internato Paranaense e no Colégio Bom Jesus e fez, na esfera colegial, seus primeiros trabalhos artísticos.
A partir de 1962, em São Paulo, Romário fez parte do Arena, com o qual atuou em suas grandes montagens (Tiradentes, Zumbi, etc.), viajou a Europa e resistiu com o Arena até 1971 quando o grupo acabou. Formado em História (turma de 1975) pela USP, pesquisador dedicado, fez de "O Contestado" seu trabalho de maior fôlego - com três grandes montagens. Outras peças seguiram - "Olhos e Ouvidos" (72), "Aventura do Fujão na Viagem de Cabral" (80) e "O Muro" (83). Professor, conferencista, animador cultural, envolvido em vários projetos, Romário veio para Curitiba há três anos. Chegou a assessorar alguns projetos da Fundação Cultural e, afinal, decidiu-se, idealisticamente, em implantar um estúdio de som voltado a produção de discos.
Agora, convencido da inviabilidade de se manter tal projeto, Borelli retoma as palestras, as pesquisas e a elaboração de novas peças e de um livro que interrompeu nos últimos meses: uma história não oficial do teatro brasileiro.
- Dificuldade por dificuldade, entre perder tempo, energia e dinheiro com gravações e o teatro, volta à ribalta. Mesmo que só em textos - diz.
LEGENDA FOTO - Romário Borelli, e a história não oficial do teatro brasileiro.
Enviar novo comentário