Fredi, o que clicou a história do teatro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1992
Feliz uma cidade que tem a sorte de ter uma Secretaria Municipal de Cultura dirigida por gente competente. A professora e filósofa Marilena Chauí, secretária, paulista da área cultural vem dinamizando todos os setores da pasta, especialmente a área editorial. Tanto é que agora está lançando um novo volume, "Fredi Kleeman - Foto em Cena".
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Fredi Kleeman (1927-1974), nascido na Alemanha, chegou na Fotoptica, não como fotógrafo, mas como balconista. A fotografia, entretanto, nasceria junto com outro interesse - o teatro, desde que Cacilda Becker o convidou para fazer um personagem secundário em "Nick Bar", a primeira montagem profissional do Teatro Brasileiro de Comédia (1949). A partir dali, começou a clicar os bastidores do teatro, fazendo um material tão notável da encenação de "O Mentiroso", de Goldoni, que Franco Zampari, o mecenas do TC, o contratou para registrar os espetáculos da casa e fazer as fotos de divulgação e dos fotógrafos.
Por toda a década de 50 - esplendor do TBC - Fredi captou o universo artístico, num trabalho que depois se estenderia ao Oficina e chegaria até a montagens vanguardistas como "Missa Leiga" (1972) e "Hoje é Dia de Rock" (1973), na sua versão paulista. Só a sua morte, aos 47 anos, o impediu de continuar documentando a cena teatral paulista, deixando entretanto um acervo de mais de 12 mil negativos - no qual, sem preconceitos, registrou imagens e emoções de quase todos os que fizeram teatro em São Paulo.
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O preciosos acervo de Kleeman foi adquirido de sua mãe, através da grande amiga Cleyde Yaconis, pela Secretaria Municipal de Cultura, ainda na administração de Sábato Magaldi (1976). Classificado e organizado, uma amostra agora é este livro, com editoração de Tânia Marcondes e Maria Thereza Vargas, que deverá estimular também exposições das várias fases do teatro paulista em sua óptica.
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